Editorial : A arte depois da pandemia

Vemos nesta edição, a reinvenção de eventos artísticos e culturais na nossa cidade, como as oficinas de cultura e arte e um balanço da temporada online da o espetáculo “Medéia”.

Quando a pandemia foi declarada, boa parte da cultura brasileira vivia já à custa de respiradores: o Ministério da Cultura já havia sido extinto, as políticas públicas para o campo artístico-cultural eram praticamente inexistentes, os casos de censura (e autocensura pela sobrevivência) eram cada vez mais comuns, assim como as fake news contra os profissionais da área.

Neste cenário desolador, a chegada da pandemia e as medidas para sua contenção, em especial a restrição à aglomeração de pessoas, acabaram expondo e acentuando várias dimensões da arte e da cultura que, em geral não são percebidas pela maioria das pessoas.

Uma dessas primeiras percepções foi a de quão presentes e necessárias são para as nossas vidas as atividades artístico-culturais de todos os tipos e, mesmo que permeadas pela lógica da mercadoria, elas são na sua maioria coletivas e parte fundamental da nossa vida como seres sociais.

O enfrentamento à covid-19 permitiu organizar muitas formas de solidariedade de classe, trouxe criatividade para superar o medo e o isolamento, mostrou a arte e a cultura como esse lugar necessário de respiro e de encontro, mesmo que virtual, e que precisam ser valorizadas e colocadas como dimensões estratégicas nessa reconstrução.

O que ficará de tudo isso pós-pandemia? Não se trata mais de uma escolha, mas sim de uma necessidade, sob o risco de deixarmos de existir. Precisamos nos reinventar nos entendermos como seres interligados, habitantes de um planeta, responsáveis pelo rumo que tomaremos enquanto humanidade.