História : A Cruz e a Viola, a marca de um adeus…

A página de história não poderia deixar de relembrar mais uma vez esse triste fato ocorrido em terras de Pindamonhangaba que nesta sexta-feira (27) completará 67 anos…
Na via Dutra, sentido São Paulo/Rio, trecho entre Pinda e Taubaté (proximidade do Una), escondida entre a vegetação que margeia a estrada, há uma cruz tendo ao centro uma viola. Aquele marco é histórico… Ali, na tarde sombria de sábado, 27 de setembro de 1952, morreu o cantor, seresteiro e trovador: Francisco Alves, o Chico Viola! Morreu carbonizado, após acidente envolvendo o carro o qual dirigia com um caminhão.
Como é de costume religioso e até cultural, após a ocorrência do acidente, para assinalar o local da tragédia colocaram uma cruz. O DER – Departamento de Estrada de Rodagem mandou logo retirá-la, para deixar a pista livre. Foi então que o professor Mário de Assis Cesar (idealizador da bandeira do município de Pindamonhangaba) que tinha uma propriedade no local, o sítio Bom Jesus, resolveu doar uma área para que se erigisse um monumento onde tombara o cantor.
Sobre o assunto o jornal Sete Dias (extinto), edição de 19/10/1952, registrou que o professor enviara ofício ao prefeito Caio Gomes Figueiredo e ao presidente da Câmara, Francisco Lessa Júnior, oferecendo área de 40 metros em frente ao local do acidente. Posteriormente, na edição de 2/11/1952, o jornal divulgou que a referida área teria sido doada à Rádio Nacional do Rio de Janeiro, para tal finalidade.
No dia 21 de novembro daquele ano – conforme noticiou o Sete Dias – os irmãos Vitale e o jornalista e compositor

Davi Nasser (talvez representando a emissora radiofônica carioca) vieram receber o terreno. A escritura foi lavrada no gabinete do prefeito, com direito à solenidade e presença de autoridades.
Ainda no Sete Dias (27/11/1955), o jornalista e poeta João Martins de Almeida, em artigo escrito sob o pseudônimo “Joreca”, cobra, três anos depois, a construção do tal monumento. Em sua crônica, Martins de Almeida ironizava, relembrando que “um dia surpreendera cineastas, jornalistas, gente do Rio e de São Paulo reunida onde tosca e feia cruz identificava o local do acidente; iam lançar a pedra fundamental de um marco histórico àquele que com a garganta fizeram muito mais pelo Brasil que certos políticos… gargantas!”
Em seu desabafo, o poeta jornalista indagava sobre que fim levara o movimento dos que diziam amar Chico Alves e por isso coletariam “centavo por centavo para custear as obras”. Que até aquele momento não tinha visto “nem um centavo de interesse por parte daqueles que tinham vindo a Pinda com tremendo estardalhaço e nada fora feito, nada fora iniciado”.
Em seu artigo e seu desabafo, talvez nunca mais ela tenha se referido ao assunto, João Martins de Almeida ressaltou que “os sentimentos dos homens têm a efemeridade do perfume das flores”.

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