A festiva Pinda do final da década de 60: Futebol de Calhambeques!

Dos anos sessentas, já no crespúsculo, recordaremos nesta edição um evento esportivo que agradou a população e foi digno de comentários pela imprensa da região e além. Inédito e divertido, o espetáculo, que estava mais para atração circense, consistia numa partida de futebol envolvendo a participação de calhambeques pilotados por representantes de duas equipes: Pinda x Taubaté. O evento tinha objetivos beneficentes, pois a renda obtida com a realização do espetáculo seria totalmente revertida ao SOS (Serviço de Obras Sociais).
Na edição do jornal Tribuna do Norte de 27/7/1969, na coluna “Mini-Esporte”, o inesquecível jornalista Jota Marcondes, anunciava que a partida estava marcada para às 15 horas do dia 10 de agosto de 1969, no campo do São Paulo Futebol Clube (depois houve uma segunda, no estádio da Associação Atlética Ferroviária, clube que ofertaria o troféu à equipe vencedora).
Explicava o articulista da Tribuna nas edições posteriores de sua coluna, que as equipe participantes do Futebol de Calhambeques teriam cinco componentes pra cada lado; os pilotos teriam que estar devidamente uniformizados de acordo com a moda do início do século XX (1910/1920), todos dirigindo os mais exóticos calhambeques; havia sido elaborado um bom regulamento para a disputa, à qual teria uma bola gigante (80 centímetros) especialmente encomendada em firma da capital paulista.

Equipes
Para a sensacional partida estiveram em campo as equipes:
Taubaté – Apollo 11 (Autoclube de Taubaté) com a seguinte formação: Ford 28 – Assis; Ford 29 – Fio; Ford 29 – Agapito; Ford 29 – Clair; Ford 31 – Jair.
Pinda -Calhambeque Auto Pinda com: Ford 29 – Rau; Ford 29 – Caio; Mustang 39 – Cirinho; Fiat 37 – Prinart; Prefect 51 – Humberto (reserva).
O juiz foi o coronel Souto (de jipe); bandeirinhas foram Olavo e Bartolo (de bicicleta).

No campo do São Paulo
Foi um sucesso. Conta Jota em edição posterior que o ineditismo tornara o espetáculo do agrado de todos. Como em todas disputas, houve as reclamações, os inconformismos sobre as decisões do juiz; muitos penaltis, todos contra Pindamonhangaba, “para sorte nossa”, destacava Jota, “nenhum convertido em tento”.
Como destaques da partida, o colunista comentou que “o caminhãozinho Ford 29, com o Cirinho e o Luiz, mostrou ser um goleirão, algo gilmaresco”; “o meio campo local funcionou bem”; “numa jogada de mestre, o Prefect 51, com o França e o Adilson marcou um golaço “depois a ‘bolinha’ só ficou na área local, mas a defesa esteve firme; os bandeirinhas estiveram bem, o Bartolo discreto, o Olavo foi uma atração à parte, pelas suas decisões, pelos seus tombos”…
Jota também mencionou que apesar das previsões de estragos que causariam o evento ao ‘Morumbi Pindense’, apenas a rede (que já era meio usada) se danificou, o gramado nada sentiu. Enalteceu o presidente do São Paulo na época, Piorino filho que “acedeu prontamente ao pedido do coronel Souto, dando-se assim sua valiosa colaboração e ainda promovendo seu clube, em vários aspectos”.
Também foi comentada a participação da imprensa na divulgação do Futebol de Calhambeques, inclusive com a exibição da partida no programa da Cidinha Campos da TV Record. Só o placar não foi revelado pelo colunista e nem encontramos em outras publicações da Tribuna, fato que ressalta a realização da disputa mais como uma apresentação, um show que divertiu os participantes e o público que foi prestigiar o evento em prol do SOS. Segundo Jota, “talvez 2.000 pessoas” teriam ido ao campo do SPFC naquele 10 de agosto.
Tamanho foi o êxito da iniciativa, reunindo a juventude de Pinda e Taubaté numa causa com fins beneficentes, que nova partida fora marcada para o estádio Dr. Pinheiro Júnior . Publicaremos nota sobre essa partida na edição da próxima semana.

  • Há 50 anos acontecia o futebol de Calhambeques no Campo do SPFC, no parque São Domingos (no destaque, a bola do jogo)