A linguagem da internet e o aprendizado

A linguagem da internet – também conhecida como net speak –, é uma realidade presente há alguns anos na vida dos internautas, principalmente dos pré-adolescentes e jovens, causando muito conflito na comunidade acadêmica e nas escolas. Mas afinal, o ‘internetês’ atrapalha o aprendizado das crianças?

O que é a linguagem da internet?
Abreviações, acrônimos, ortografia adaptada, emojis… Tudo isso faz parte do ‘internetês’. Já viu alguma frase assim: “oi td bem q sdds d vc”? Em tradução: “Oi, tudo bem? Que saudades de você!”. Exageramos na exposição do exemplo, mas isso não é tão incomum assim.
Essa linguagem informal surgiu pela primeira vez nos anos 1990, com a popularização da rede. Com o intuito de facilitar e agilizar a comunicação, ela também se tornou códigos de determinados grupos – isto é, dificilmente você encontrará um adolescente que se comunica pelas redes sociais com seus amigos utilizando a norma culta.
Desta forma, o grupo dos “adolescentes” criou, despercebidamente, um código a ser seguido para quem deseja pertencê-lo. E isso não, necessariamente, é uma coisa negativa. Todos os grupos e nichos têm seus códigos a serem seguidos pelos integrantes. Assim, as pessoas que naturalmente já funcionam de acordo com essas regras, desenvolvem o sentimento de pertencimento tão inato à nossa humanidade quanto respirar.
E, se você está habituado ao ambiente virtual, certamente já abreviou as palavras, usou emojis e teve outros comportamentos do net speak para deixar a conversa mais dinâmica, informal e semelhante à linguagem oral. Considerando que, dificilmente, o sentimento envolvido na fala é também representado na escrita, por que não usar um emoji? A linguagem da internet é uma alternativa inteligente e eficiente de comunicação social, diminuindo a distância e a impessoalidade que as telas podem ocasionar.

A net speak atrapalha o aprendizado do seu filho?
Embora o ‘internetês’ seja uma linguagem coloquial que imita a oralidade, os seus adeptos sabem onde e quando deve-se ou não utilizá-la. Existem estudos da Universidade Federal de Juiz de Fora que mostram que adolescentes e pré-adolescentes não usam o net speak na escola ou em outros ambientes onde a norma culta é exigida. Isso chama-se adequação linguística – usar adequadamente em cada contexto as variantes de registros da Língua Portuguesa, que é tão rica.
Especialistas garantem que, mesmo com abreviações e acrônimos, a estrutura gramatical das frases e textos é mantida. Caso contrário, se não fossem, seria impossível de interpretar, seja por omissão de palavras ou por realocação/inversão delas. Isto é, para se fazer entender, mesmo que de forma despercebida, o internauta continua respeitando as estruturas gramaticais que aprendeu na escola.
Eles afirmam ainda que ficou comprovado que, mesmo para a geração mais impactada com a linguagem da internet, não houve prejuízo do conhecimento da norma culta, nem do discernimento de adequação ao contexto. Pelo contrário, essa primeira geração crescida de net speakers passou a ler e escrever mais, pela facilidade e agilidade em se comunicar. Afinal, quando você manda uma mensagem em uma rede social e recebe uma resposta, está exercitando a leitura e a escrita. Sendo assim, essa comunicação, mesmo que informal, é, também, uma forma de expressar ideias e exercitar a escrita de um bom texto.
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