História : A origem do obelisco da Praça Monsenhor Marcondes

No início de 1922 a Tribuna do Norte estampou, em artigo de primeira página, a patriótica intenção de Pindamonhangaba em comemorar o “1º Centenário da Independência do Brasil” com justa homenagem aos seus ilustres filhos participantes do lendário ato às margens do Ipiranga

O jornal Tribuna do Norte, em sua edição de 23 de março daquele ano informava ao povo que uma comissão seria constituída com a finalidade de evocar os pindamonhangabenses da Guarda de Honra do príncipe regente com dignificante homenagem.
Como justificativa utilizava palavras do autor comentador de “História da Revolução”, Hypolito Taine, que assim entendia: “Toda e qualquer obra imperecível pela beleza moral, não obstante a sua insofismável perpetuidade na alma do povo, deve ainda ser posta ao contato direto e diário das gerações…”

A importância dos monumentos

Segundo o articulista em suas considerações sobre a importância de se tornar realidade o sonho da obra: “Um monumento qualquer, seja ele bronze ou mármore, representa para aqueles que o fizeram erigir, uma aura sagrada em cujas chamas crepitantes a tradição gloriosa da raça comunica àjuventude florescente alento e vigor”.
Prosseguindo menciona os monumentos evocadores de feitos e de heróis da história erguidos nas praças das grandes cidades do mundo afirmando que “os monumentos são mais expressivos, ricos em motivos e mais numerosos na ordem direta das glórias de cada povo…”
Prosseguindo, cita os grandes monumentos, desde aqueles da Grécia antiga aos mais modernos da época vivida. Todos constituindo o encanto e graça dos parques, jardins e praças públicas de cidades como New York, Paris, Londres e até do Rio de Janeiro e São Paulo. Depois retornou à realidade do humilde município afirmando:
“Pindamonhangaba sem possuir jamais milésima parte do progresso gigantesco das cidades acima citadas, com toda a sua modéstia, embora de ‘burgo’ pequeno, está nesta hora de preparativos insuflada do nobre e justo desejo de contar com mais um pequeno monumento de granito e mármore com o qual também possa render culto e homenagem aos vultos históricos…
“Longe de si o pensamento de um objetivo vaidoso, de um sentimento piegas de inveja caricatural! Não! Palpita-lhe no íntimo, freme-lhe no coração a gratidão por aqueles que, acidentalmente embora, a colocaram na presente ‘Comemoração do Centenário’ em lugar distinto, em posição brilhante…”
Destacando a importância cultural e patriótica de se cultuar o feito e seus participantes, o redator da Tribuna citou o intrépido comandante daquela honrada guarda, o coronel Manuel Marcondes de Oliveira e Mello e seus oito companheiros. “O maior contingente fornecido por uma Vila”, disse referindo-se a então Vila Real de Nossa Senhora do Bom Sucesso de Pindamonhangaba!
O jornal fazia um apelo patriótico aos cidadãos que estivessem em condições de fazer doações que se destinariam à construção do obelisco à independência. Mais que simplescapricho, era uma necessidade histórica de um povo que “…possuiu na sua infância, no seu arrebol doirado, as mais genuínas e puras glórias”.

A comissão

A comissão responsável pela arrecadação de recursos favoráveis ao erguimento do histórico obelisco tinha o Dr. Claro César como Presidente de Honra e eram os demais componentes: prefeito na época, coronel Benjamin da Costa Bueno; presidente da Câmara, Dr. Alfredo Machado; Raul Marcondes e Athayde Marcondes (que seria seu secretário incumbido da propaganda).
A primeira providência no sentido seria enviar circulares aos pindamonhangabenses residentes fora do município visando angariar donativos que auxiliassem nas despesas inerentes.
A Tribuna adiantava que em breve, depois de julgada pela comissão, uma maquete do monumento ficaria exposta ao público em um ponto mais central do município.
O escultor responsável pela obra, segundo definiu o jornal naquela publicação, seria o artista V. Odízio. O mesmo que fora responsável pela confecção da herma de Dom José, arcebispo de Darniz, na cidade de Taubaté.

(O assunto continuará nesta página de História da próxima terça-feira)

  • Créditos da imagem: Acervo San Martin
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