Proseando : A SERIEMA E O SAPO

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A SERIEMA E O SAPO
(Fábula)

O sapo barbudo foi reeleito (sabe-se lá como) para mais quatro translações, mantendo-se no gabinete de maior importância do manicômio. O anfíbio anuro pouco se importava com os internados. Seu único objetivo era o de se manter nas colunas e redes sociais e, para isso, empurrava toda a sujeira para debaixo do tapete. A sua equipe era composta de meia meia dúzia de bajuladores que lhe beijavam os pés sujos de lama, e também se enlameavam.
A seriema, que caíra de paraquedas no manicômio, inventara meio ilícito de engordar o bolso do sapo e, por isso, tornara-se sua mais-que-conselheira. A ave magricela de bico empinado percorria salas e corredores com um chicote, enfermizando o quadro de colaboradores. Aqueles que contrariavam suas determinações ou percebiam suas maracutaias, eram demitidos sumariamente.
No sexto mês de um ano incógnito, para eliminar o princípio de insurgência que se espalhava pelos corredores do manicômio, o sapo e sua camarilha decidiram realizar um evento com distribuição de brindes. Em noite de São João, o maior pátio do manicômio foi decorado com bandeirolas, barracas e fogueira que prometia lamber o céu. Ao microfone, a seriema vestida de noiva, esganiçou:
— Temos prêmios para os trajes mais estilizados, para o linguajar caipira mais caipira, para os melhores dançarinos…
Assim que a seriema parou de tagarelar e correu para ficar ao lado do sapo vestido de noivo, o pato pançudo começou a tocar sanfona, e a festa começou. Foi no auge da dança junina que os leões apareceram. O sapo e seus asseclas ficaram apavorados. “Eu resolvo isso” – garantiu a ave magricela. Mas os leões a ignoraram.
O leão de gravata rugiu:
— Que tipo de dança é essa?
— Quadrilha – gritou o sanfoneiro.
O leão de juba azul se aproximou do sapo e anunciou:
— Senhor sapo, recebemos uma denúncia e viemos investigar.
O sapo, que era verde, ficou vermelho, roxo, amarelo e desmaiou. A meia meia dúzia de bajuladores entrou em pânico, enquanto a seriema, gargalhando como louca, confessou:
— Fui eu. Fui eu. Fui eu. Eu fiz a denúncia.
O leão de bengala, o melhor detetive do continente, circundou-a.
— Hum… Você não é o que parece ser. Posso notar pelo disfarce cheio de falhas.
Num gesto brusco ele agarrou o bico da seriema, puxou e vupt! O bico saiu. Em seguida, agarrou-lhe a cabeça e arrancou a máscara de borracha. A seriema era, na verdade, uma sapa muitíssima magricela.
Diante da plateia aturdida, ela explicou:
— Fui noiva desse sapo asqueroso. Ele me abandonou no altar. Sofri demais. Quase morri. Resolvi dar o troco.
Os olhos da seriema, quero dizer, da sapa muitíssima magricela, começaram a girar. Ela começou a saltitar, gargalhar e espumar. Ficou louca, tão louca que precisou de camisa de força.

Moral: Quem é mau sempre acaba mal.