Lembranças Literárias : A uma pianista

Quando te vejo ao piano, flor mimosa,
e teus dedos sutis voam de leve,
cada mão delicada, cor de neve,
sobre o marfim, semelha branca rosa…

Então posso julgar quanto te deve
minh’alma triste que em silêncio goza
e o céu demanda tenue, vaporosa,
no meu sonho fugaz, que morre em breve…

Julgo viver na glória do meu sonho,
numa cidade em flor onde és rainha,
e onde sou poeta e versos mil componho…

E acordo nesta dor que me espezinha,
sonhar-te sempre a meditar tristonho:
– Mas sabendo que nunca serás minha!

Jercy Jacob, Tribuna do Norte, 24/5/1925

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