Ações inclusivas transformam a vida de pessoas com deficiência física

Hoje, no Brasil, milhares de pessoas com algum tipo de deficiência física são discriminadas nas comunidades em que vivem ou são excluídas do mercado de trabalho. O processo de exclusão é tão antigo quanto a socialização do homem.
Em compensação, muitas ações inclusivas têm promovido as pessoas com algum tipo de deficiência ou necessidade especial, visando resgatar o respeito humano e a dignidade, no sentido de possibilitar o pleno desenvolvimento e o acesso a todos os recursos da sociedade. São duas dessas ações que serão apresentadas nesta reportagem.

Esporte ajuda pessoa com deficiência a superar limites

Estudos indicam que a prática do esporte proporciona não somente bem-estar, mas também melhora o desempenho. Segundo a fisioterapeuta Renata Nunes Ferreira, a prática de esportes além de auxiliar na qualidade de vida, proporciona um sono melhor, a diminuição dos ricos de doenças cardíacas, o aumento de força muscular e possibilita melhor movimentação nas articulações. “Para as pessoas com necessidades especiais, o esporte auxilia significativamente na reabilitação possibilitando, principalmente, a independência”.
Pensando nessas necessidades a Associação de Deficientes Físicos de Lorena (Adefil) e o Centro Social Urbano (CSU), criaram uma associação para que os portadores de necessidades específicas pudessem voltar às atividades através da prática do esporte. Para a presidente do Conselho Municipal de Pessoa com Necessidade de Mobilidade, Solange Bertoline, o objetivo é mostrar para as pessoas que os obstáculos podem ser ultrapassados.
O atleta Jonas Raimundo, conheceu a associação por meio de um amigo e da irmã. “Fiquei muito feliz ao entrar na associação. É um lugar que eu aprendi a amar. Foi lá que eu aprendi a crescer, ter mais sabedoria, participando de grupos que fazem esportes”, disse.
“Nós seres humanos, sobrevivemos de desafios”, afirmou o professor de educação física do CSU, Élcio. Ele diz que o foco de suas aulas é auxiliar nas dificuldades dos cadeirantes, na movimentação que eles não conseguem executar, como também na locomoção. A psicóloga Riceli Soares afirma que os efeitos da prática vão além do físico e atingem, principalmente, o emocional. “Melhoram a autoestima”, afirma.
Júnior, atleta e integrante da associação, conta que a sensação de liberdade que tinha quando ainda andava voltou quando começou a praticar esporte e a participar de competições. “As únicas dificuldades que encontro são as adaptações e a acessibilidade que ainda faltam, mas no geral, minha vida mudou muito”, complementa.

Carteira adaptada melhora acesso de aluno cadeirante

Pedro Lopes, 11 anos, cadeirante, aluno da 4º série de uma escola em Lorena, recebeu uma carteira especial, criada por um professor e aluno de Design, do Unifatea.
Ele, que nasceu sem evidências de alguma deficiência física, teve sua vida mudada por volta de seus 6 anos de idade, com a descoberta da distrofia muscular, que o levou aos 9 anos a usar cadeiras de rodas.
O menino passou a ter uma vida diferente da qual vivia antes. O que era simples de fazer, como andar e brincar, tornou-se um pouco mais difícil, até mesmo a adaptação na escola. Ele se sentia desconfortável e constrangido por não haver uma mesa adaptada. Comentou com seus pais que levaram a queixa até a secretaria da escola, que recorreu ao professor de Design Paulo Pina.
Para melhorar a adaptação e o conforto de Pedro na escola em que estuda, Pina e seu aluno e estagiário Rodrigo Gayean propuseram a criação de uma carteira especial. O desenvolvimento do projeto para um portador de deficiência física foi o primeiro criado pelo Unifatea.
Pedro, o aluno da 4ª série, disse que gostou muito e que sua nova carteira foi além da expectativa. “Na outra carteira eu não escrevia direito, ela não era muito boa”, conta.
A mãe de Pedro, Vivian Lopes, afirma que a carteira melhorou a vida do filho. ‘Ele se sentiu aceito, incluso, respeitado e isso refletiu nos estudos. Eu vi a vontade da escola querer ajudar o meu filho”, comenta.
Para a criação da carteira especial foi feito um levantamento antropométrico, a fim de atender a necessidade do aluno. A execução do trabalho durou uma semana. A carteira foi entregue ao aluno no mês de março.”Foi muito gratificante participar do projeto e ver o aluno e os pais felizes. Um projeto que nos traz um aprendizado muito diferente dos outros”, disse Rodrigo Gayean.
O projeto não possui direito autoral. O arquivo de desenvolvimento ficará disponível no próprio site do Unifatea, em uma plataforma livre, onde todas as pessoas que também tenham a necessidade e queiram fazer a carteira, possam baixar o arquivo gratuitamente.

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