Editorial : Ah! O bom senso…

Um novo decreto lançado pela Prefeitura visa regulamentar a retomada consciente das atividades econômicas do município.

A medida gera debate. De um lado, alguns acham que ainda é cedo. De outro, outros garantem que já passou da hora… Uns defendem o “lockdown” (confinamento, em inglês); outros, a reabertura total das relações sociais, econômicas etc. No meio do caminho, buscamos o “bom senso”.

No dicionário, “bom senso” é definido como: adequação, cautela, critério, discernimento, discrição, equilíbrio, juízo, ponderação, propriedade, prudência, razão, razoabilidade, reflexão, sabedoria, segurança, sensatez, siso etc. Seus antônimos mais frequentes são: desequilíbrio, descontrole, instabilidade, oscilação, desarmonia etc.

Dito isto, seguir ou não o bom senso marca a diferença entre os caminhos da virtude e os do vício, a dedicação e o egoísmo. A questão de fundo, digamos assim, é saber o que se deve ou não fazer, pois a vida está no movimento (vita in motu), como diziam os “antigos”.

Neste contexto, não há progresso tecnológico que possa preencher ou substituir a experiência humana. O homem de hoje é idêntico ao homem de ontem, sendo igualmente sensível à alegria e à dor. Nas nossas incertezas, surge uma interrogação: “O que fazer?”.

Não podemos dispensar-nos de agir. É assim que o bom senso visa diretamente a prática, indicando: “eis o que se deve fazer”. Numa situação confusa, o bom senso é a aptidão a bem julgar, a arte de destramar os fios embaraçosos, mantendo uma fiel submissão à realidade.

Richard Rorty, um grande filósofo de século XX, considera, em seu livro “Contingência, Ironia e Solidariedade”, que o mundo atual precisa de especialistas do amor e da diversidade, para suprir a deficiência dos especialistas do concreto e do local (entre esses, nós, jornalistas). Rorty descreve a solidariedade como a capacidade de pensar em pessoas muito diferentes de nós como estando incluídas na esfera do “nós”.

Apropriando-nos do que Rorty diz sobre a solidariedade, vamos aplicá-la aqui ao bom senso: o distanciamento social é fundamental para salvar vidas. Se não a sua, salvará a de outra pessoa. Se puder, fique em casa. Se precisar sair, tome todas as medidas de proteção.

Bom senso e solidariedade são a base de uma sociedade mais justa.