Nossa Terra Nossa Gente : AMÁCIO MAZZAROPI E O JECA QUE MORA EM NÓS

Da caixinha de lembranças da infância, retiro o rolo do filme das matinês de domingo. Ainda posso ver a fila de crianças, acompanhadas por seus pais, aguardando a compra do bilhete, das guloseimas – pipoca, pirulito, bala, chocolate! – e, por fim, a entrada à sala de exibição do cinema e a procura pela cadeira designada.

Assim que as luzes se apagavam, o alvoroço de vozes ia pouco a pouco silenciando, enquanto na grande tela trailers de filmes acendiam em nossos corações a vontade irrepreensível de vê-los tão logo chegassem à cidade: Bonanza, Rin-Tin-Tin, Mazzaropi…

De todos eles, os filmes de Mazzaropi eram os mais divertidos e aqueles que ficaram para sempre registrados na memória! Jeca, Candinho, Chico Fumaça, Aparício, Gumercindo, Jacinto, Polidoro, dentre tantos outros inesquecíveis personagens, mais pareciam mudas de roupa que Amácio Mazzaropi trocava com o intuito de alegrar e divertir! Genialidade incontestável desse mito do cinema brasileiro!

Em três décadas de trabalho, Mazzaropi deixou-nos um legado de 32 filmes: Sai da Frente (1952), Nadando em Dinheiro (1952), Candinho (1953), A Carrocinha (1955), O Gatode Madame (1956), Fuzileiro do Amor (1956), O Noivo da Girafa (1957), Chico Fumaça (1958), Chofer de Praça (1958), Jeca Tatu (1959), As Aventuras de Pedro Malazartes (1960), Zé do Periquito (1960), Tristeza do Jeca (1961), O Vendedor de Linguiça (1962), Casinha Pequenina (1963), O Lamparina (1964), Meu Japão Brasileiro (1964), O Puritano da Rua Augusta (1965), O Corintiano (1966), O Jeca e a Freira (1968), No Paraíso das Solteironas (1969), Uma Pistola para Djeca (1969), Betão Ronca Ferro (1970), O Grande Xerife (1972), Um Caipira em Bariloche (1973), Portugal… Minha Saudade (1973), O Jeca Macumbeiro (1974), Jeca Contra o Capeta (1975), Jecão, um Fofoqueiro no Céu (1977), Jeca e seu Filho Preto (1978), A Banda das Velhas Virgens (1979), O Jeca e a Égua Milagrosa (1980) e Maria Tomba Homem (1982).

Dotado de um carisma surpreendente para o humor, em cada um desses filmes, ele contava uma história diferente, entretanto, em todos eles, uma mesma figura extraordinária: o nosso homem caipira, Jeca, Mazzaropi!

Figura cativante e plural – ator, produtor, cantor, diretor, roteirista, comerciante –, os filmes de Mazzaropi renderam-lhe sucesso de público, de crítica, de bilheteria e, sobretudo, de eternidade!

Amácio, que iniciou sua carreira num circo em Pindamonhangaba e, por gratidão e honra, pediu para ser sepultado nos torrões da Princesa do Norte, faleceu aos 69 anos (1912 – 1981) e está enterrado no Cemitério Municipal, junto a seus pais – Bernardo e Clara. Mazzaropi, ao contrário, é uma entidade viva, inesquecível, na caixinha de lembranças de tanta gente!

É só falarmos em MAZZAROPI que somos reportados às telas do cinema, e, antes que nosso filme preferido dispare os primeiros flashes de luz, o riso e as gargalhadas tomam conta de nossas lembranças e, dentro de nós, milagrosamente, aparece o sempiterno Jeca-Mazzaropi, com aquele seu chapéu estropiado, roupas rotas, cigarrinho de palha no canto da boca, ingênuo, mas cheio de esperteza…

A esse gênio do cinema brasileiro, imortalidade!

A esse Jeca de nossa terra e de nossa gente, a gratidão de Pindamonhangaba!

Aos que desconhecem, a Lei nº 4.298, de 23 de maio de 2005, de autoria do vereador José Carlos Gomes – Cal, instituiu em Pindamonhangaba, a SEMANA AMÁCIO MAZZAROPI, a ser realizada anualmente na segunda semana do mês de abril, período que contempla o 9 de abril – dia do nascimento desse gênio da Sétima Arte brasileira. Confira a programação nas redes sociais. Imperdível! Tanto quanto os filmes do Mazza!

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