Editorial : Até quando? Situação complicada e sem perspectiva de mudança

O mercado de logística no Brasil vive uma situação que inspira cuidados e decisões estratégicas para superar um momento delicado. De um lado, uma grave crise da economia brasileira que fez diminuir o faturamento. De outro, estradas ruins escoando a maior parte da produção brasileira e causando o desgaste precoce dos veículos que transportam cargas e pessoas.
Em meio a este cenário, a necessidade constante de renovação das frotas. Para driblar essas dificuldades, surgem oportunidades de investimento na gestão e manutenção preventiva como ferramenta estratégica para aumentar a vida útil dos veículos e manter os custos sob controle.
De acordo com a CNT – Confederação Nacional de Transportes, a situação das rodovias federais e estaduais do país é preocupante. Em todo o Brasil, apenas 12% das rodovias, aproximadamente 203 mil quilômetros, são asfaltadas. Segundo dados levantados em 2014, de 95,7 mil quilômetros de rodovias pavimentadas analisadas, 62% desta malha rodoviária nacional pode ser considerada como péssima, ruim ou regular.
A falta de qualidade da via está diretamente ligada ao aumento do risco de acidentes, como também à elevação dos custos operacionais. Segundo o estudo, o custo de manutenção dos caminhões conforme a condição rodoviária pode chegar a um aumento de, em média, 26%. Ao mesmo tempo, levantamentos indicam que, se a economia brasileira encolher este ano 1,5%, o impacto no mercado de transportes será uma redução em torno de 3,7%. E este cenário de retração deve perdurar, no mínimo, até 2017.
A melhor alternativa para as empresas do setor é apostar na redução de custos, por exemplo, adiando a compra de veículos novos adotando uma melhor gestão da frota com ênfase na manutenção preventiva, e não apenas na corretiva, aquela realizada quando o problema aparece.
Em geral, caminhões novos se desvalorizam 20% no primeiro ano e 25% no segundo e terceiro anos de uso sem manutenção preventiva, obrigando as empresas a venderem o veículo no quarto ano para a compra de um novo. Com a gestão da manutenção utilizando conceitos preventivos desde o início, as transportadoras aumentam a vida útil do caminhão em um ou dois anos sem desvalorizá-lo, adiando assim investimentos para a compra de novos, reduzindo custos e obtendo ganhos financeiros.
Segundo especialistas em transporte, o investimento em gestão é fundamental neste momento, pois é possível proporcionar todas as informações a respeito de abastecimento, manutenção, localização e conduta dos motoristas, entre outros. Com isso, tem como prolongar a vida útil do veículo com segurança e valorização do ativo.
Ao que indica esse é o caminho. A quem só percorre as estradas do São Paulo, que são as melhores do país, a informação pode ser banal, mas para todo o sistema de escoação da produção brasileira, observado por quem viaja para outras Unidades da Federação e, sobretudo, pelos caminhoneiros, está na hora do investimento em gestão e do Estado fazer sua parte.