História : Campeão do Mundo em 1951 é homenageado em Pinda

Caravana palmeirense foi saudada em sua passagem pela cidade na viagem de volta do Rio de Janeiro, onde conquistara o título mundial

Em alusão ao clima de Copa do Mundo, “História” de hoje recorda uma passagem relacionada ao futebol brasileiro do início dos anos 50.

Era um tempo em que a ferrovia ainda figurava como opção mais acessível entre os meios de locomoção destinados ao transporte da população. A ligação dos estados São Paulo e Rio, e vice-versa, era feita pela Estrada de Ferro Central do Brasil. Isso proporcionava a passagem de autoridades, políticos famosos, artistas em ascensão, esportistas premiados etc. pelas estações construídas ao longo da estrada de ferro que ligava destinos e sonhos… Paradas como a Estação Pindamonhangaba!

Foi quando um trem, trazendo em seus vagões uma equipe de futebol recém-campeã mundial, passou pela então bucólica “Princesa do Norte”. A festejada e festiva locomotiva da Central trazia a equipe da Sociedade Esportiva Palmeiras!

Representando o Brasil, o time verde acabava de conquistar a Copa Rio – Torneio Internacional de Clubes Campeões, competição que fora disputada nos estádios do Pacaembu em São Paulo, e Maracanã, Rio de Janeiro, em 1951, tendo a final sido realizada no Rio.

A homenagem do SPFC de Pinda

É da edição de 29 de julho daquele ano a nota publicada pelo jornal Tribuna do Norte, na coluna “A Tribuna Esportiva”, relacionada à importante conquista do time brasileiro. Referia-se a publicação a uma homenagem prestada por outra agremiação futebolística, o São Paulo Futebol Clube de Pindamonhangaba. O tricolor local saudava o esquadrão alviverde da capital paulista e a Tribuna assim divulgava a homenagem:

“Homenagem ao Palmeiras – Campeão do Mundo
Por ocasião da passagem por Pindamonhangaba da caravana palmerista, de volta do Rio de Janeiro, onde tinham conquistado para o Brasil o campeonato Mundial de Futebol, o São Paulo Futebol Clube local fez entrega ao presidente do Palmeiras de uma mensagem, tendo usado da palavra, pelo senhor Alcides Ramos Nogueira”.

Aqui é oportuno destacar que Alcides Ramos Nogueira, então aquele que presidia o carinhosamente denominado “São Paulinho”, além de atuante no meio esportivo e religioso católico, também foi vereador e presidente da Câmara. Deixou filhos e netos trabalhadores pelo desenvolvimento e progresso de Pindamonhangaba.

Além da filha advogada Dra. Myriam Nogueira, na política seguiram os passos do pai: João Bosco Nogueira (prefeito ); Fernando Ramos Nogueira (vereador); médico literato Dr. José Lelis Nogueira (vereador) e a neta (filha de Fernando Nogueira) Myriam Alckmin Ramos Nogueira (vereadora e vice-prefeita ).

Retornando à mensagem em homenagem à Sociedade Esportiva Palmeiras publicada na Tribuna, era assinada pelo advogado Dr. Loyd Figueiredo P. Rocha, na época secretário geral da agremiação SPFC local. A nota mencionava a conquista como uma forma de recompensar a torcida brasileira pelo momento de tristeza ocorrido no ano anterior, no mesmo Maracanã, após a perda da Copa do Mundo de 1950 por 2×1 para a seleção do Uruguai:

“24 de julho de 1951
Ilmo sr. Presidente da S.E. Palmeiras
Em trânsito

À S.E. Palmeiras, que nesta hora festiva para o desporto nacional, vem de galardoar-se com o título de Campeão do Mundo em Futebol, envia o São Paulo FC de Pindamonhangaba, a par de seus efusivos cumprimentos, esta humilde, mas sincera mensagem:

Palmeiras! As lágrimas de tristeza que banharam nossos rostos em 16 de julho de 1950 foram regiamente recompensadas pela feliz emoção proporcionadas pelos seus atletas, que a 22 de julho de 1951, no mesmo local, lutando como leões, desfraldaram a Bandeira Auriverde coroada com os louros da vitória.

O Brasil inteiro orgulha se da S.E. Palmeiras, clube de fibra que se agiganta na adversidade, clube que não é mais dos palmeirenses, clube que não é mais de São Paulo, porque é o legítimo e único clube do Brasil, clube dos brasileiros, verdadeiro patrimônio do desporto deste país.

O São Paulo F.C. de Pindamonhangaba, que acompanhou luta por luta, lance por lance a trajetória desse tradicional clube no Torneio dos Campeões, ufana-se de lhe apresentar suas melhores congratulações interpretando fielmente o estado de espírito dos desportistas pindamonhangabenses, que se rejubilam com esse feito altamente honroso do clube alviverde.

Prossegue Palmeiras, prossegue invicto na sua jornada de vencedor. Que a Copa Rio não seja um final e sim um início dos mais auspiciosos para a sua gigantesca coleção de campeonatos.
Prossegue Palmeiras, autêntico Campeão de São Paulo, Campeão do Brasil e Campeão do mundo.
Pelo São Paulo F.C.”

A vitória sobre a Juventus da Itália

Abaixo relembramos aos leitores, em especial aos leitores torcedores palmeirenses, a caminhada do “verdão” rumo ao título mundial de clubes:

Fase de grupos (1ª rodada) – 30/06/1951 – Pacaembu – Palmeiras 3×0 Olympique Nice-França; Fase de grupos (2ª rodada) – 05/07/1951 – Pacaembu – Palmeiras 2×1 Estrela Vermelha -Iugoslávia; Fase de grupos (3ª rodada) – 08/07/1951 – Pacaembu – Palmeiras 0x4 Juventus-Itália.

A derrota para a Juve deixaria a equipe paulista classificada em 2º lugar na fase de grupos, credenciada a disputar a semifinal no Rio de Janeiro contra o Vasco da Gama.
Semifinal (primeiro jogo) – 11/07/1951 – Maracanã – Palmeiras 2×1 Vasco; Semifinal (segundo jogo) – 15/07/1951 – Maracanã – Vasco 0x0 Palmeiras

Os resultados contra a equipe carioca levou o Palmeiras para a decisão contra a Juventus, time que o havia goleado na fase de grupos.

Final (primeiro jogo) – 18/07/1951 – Maracanã – Palmeiras 1×0 Juventus; Final (segundo jogo) – 22/07/1951 – Maracanã – Juventus 2×2 Palmeiras (o Palmeiras dava o troco à “Vechia Signora”).

Torcida brasileira

“Após a conquista, houve uma grande comemoração no Rio de Janeiro com desfile em carro aberto da equipe pelas ruas da cidade. Na volta de trem a São Paulo, o Palmeiras foi recebido por uma grande multidão na Estação Roosevelt. No trajeto até o estádio Palestra Itália, o povo aglomerou-se em todos os lugares possíveis para reverenciar os campeões. Mais de um milhão de torcedores, de todos os times, festejaram pelas ruas (à época, a população da cidade de São Paulo passava pouco dos três milhões de habitantes, e a torcida palestrina já era a maior da capital).

As declarações a respeito da conquista do mundo pelo Palmeiras foram várias. Camisa 10 da Seleção em 1950, o meia Jair Rosa Pinto, um dos maiores jogadores da história do clube, definiu da seguinte maneira o feito. ‘Tive a chance em 51 de ser o que não consegui em 50: campeão do mundo’, disse.”

(fonte: https://www.palmeiras.com.br › no-topo-do-mundo)

  • Poster do Palmeiras - Mercado Livre
  • Site Oficial do Palmeiras Capa da revista “Vida Esportiva Paulista”
  • Site Oficial do Palmeiras “No ano seguinte do título, os irmãos palmeirenses Gabriel, Antônio e Luiz Piccolo produziram uma cachaça e a nomearam “Palmeiras 51”, em homenagem à conquista do Mundial e em alusão à cidade natal deles, Santa Cruz das Palmeiras, interior de São Paulo. Em 1959, a empresa foi comprada e o nome alterado para “Pirassununga 51”, mas a referência ao triunfo alviverde permanece até hoje.” (Site Oficial do Palmeiras)