Vanguarda Literária : CARLOS RIZZINI: UM MESTRE DO JORNALISMO

Joseph Pulitzer, judeu norte – americano que doou um milhão de dólares para a Fundação da Escola de Jornalismo da Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos, em 1903, assinalou que o Jornalismo é a mais exata das profissões, a que requer conhecimento mais profundo e os mais firmes fundamentos de caráter.

Na primavera de 1998, Taubaté, através do Centro de Documentação Científica do Departamento de Comunicação Social da Universidade de Taubaté, cultuou a memória de um dos seus filhos mais ilustres, verdadeiro Varão de Plutarco, portador da qualidades mencionadas por Pulitzer : Carlos de Andrade Rizzini, nascido em 25 de novembro de 1888.

Mais que um jornalista, CARLOS RIZZINI integrou o quadro de professores pioneiros do Curso de Jornalismo da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, hoje, Universidade Federal do Rio de Janeiro e lecionou de 1960 a 1964 na Faculdade de Jornalismo “Cásper Líbero”, foi um grande professor de jornalistas, granjeando a admiração dos seus coevos pela retidão dos seus propósitos e pelo amor à austeridade e à verdade. Ensinou pela pena e pelo exemplo, sobretudo aos jovens , quando afirmou alhures: “Se há uma advertência a dirigir à juventude é a da submissão aos ditames vocacionais. Que abandone os abusões que a constringem em obediência a uma escala social de perdido sentido nos dias presentes. Os homens só são felizes quando se alforriam do cativeiro do trabalho e o exercem em extensão natural do seu modo de ser, de sua índole, algo em rima com a necessidade de compartilhar, de coração leve, da semeadura e das colheitas da comunidade”.

Mostrou o Mestre, cultor da História e das Letras, que a paciência beneditina do pesquisador, dando lume à sucessão dos fatos, é o fanal que conduz à descoberta da verdade, como bem pontuou na obra: “Ensino do Jornalismo”: “As notícias devem ser postas diante do leitor em forma concisa para que as leia; clara para que as entenda, veemente para que as aprecie; pinturescas para que as guarde , e, acima de tudo exata para que possa prudentemente guiar-se por sua luz. A exatidão é para o Jornal o que a virtude é para as mulheres !”.

Sim, caros leitores, a base da ação jornalística é a sinceridade aliada à decência perante o público e perante a ação , sendo o prosador ligeiro e o escritor do cotidiano e, muito mais do que isso, como afirmou, com muita propriedade, Aristeu Seixas, imortal da Academia Paulista de Letras ( segundo ocupante da Cadeira de Número 24 ): “ É o semeador constante, o construtor da História em fragmentos mínimos, a gota do pensamento para o Atlântico da idéia, o fabricador do pão espiritual de cada dia, com o mal pago suor de cada noite, no mais belo desprendimento do seu nome, na mais encantadora renúncia de si mesmo. É o escritor, por excelência, das massas.

CARLOS DE ANDRADE RIZZINI nos seus artigos escritos com pureza e elegância, escrevendo brilhantes editoriais, pôs o melhor do seu talento para elevar a profissão de jornalista ao nível universitário, o que já foi o bastante para passar à História, e produziu monografias de alto valor sobre a imprensa, destacando-se: “O Livro, o Jornal e a Tipografia no Brasil” um clássico de 445 páginas, publicado em 1945 pela Kosmos Editora, obra escrita com elegância, em linguagem fluente e escorreita, enriquecida com documentos o que atesta o seu esmero na pesquisa.

Com muita razão, fazendo-lhe justiça, outro imortal da Academia Paulista de Letras ( segundo ocupante da Cadeira de Número – 6 ), o escritor , grande patriota, e homem de bem: Plínio Salgado , referindo-se ao seu famoso livro, assinalou: “Em todas as páginas, não encontramos apenas o técnico, sabedor da arte de imprimir, o investigador incansável e o erudito compulsador de autores, que sobre o tema versaram, mas, encontramos o historiador, o intérprete da História, o crítico literário voltado para os aspectos da nossa psicologia social, circunstâncias ecológicas, meios étnicos, condições políticas “.

Relembro o seu discurso de posse na Academia Paulista de Letras, na memorável noite de 28 de janeiro de 1965, quando referiu-se aos homens de letras , com profunda didática e teor filosófico: “ Uns são apaixonados da beleza e outros da verdade; uns lidam com a imaginação e outros com os fatos, a redução, o conceito. Os que encalçam a verdade não sonham. Sabem que não a atingem que hão de completar-se sem jamais completá-la. E, citando Lessing, diz: “O valor do homem não consiste na verdade que possui ou crê que possui e, sim, no esforço sincero que desenvolve para conquistá-la. Porque não pela posse, mas pela busca da verdade, que ele vigora com suas forças e se aperfeiçoa.” Para finalizar, apresentamos uma modesta homenagem a esse homem que honrou o gênero humano.