Casa Transitória está há 39 anos ajudando famílias em Pinda

Mais de mil famílias são atendidas anualmente e mais de 40 mil já foram em quase quatro décadas pela Casa Transitória Fabiano de Cristo. A instituição possui uma estrutura de 24.100 m², que abriga brinquedoteca, berçário, creche, área destinada às crianças, salas de atendimento médico e dentário, espaços para diversos cursos, quadras, entre outros. Recebe famílias e crianças há 39 anos, e não possui receitas, apenas o trabalho voluntário daqueles que de alguma forma buscam ajudar ao próximo.
A instituição sem fins lucrativos chegou a cidade em 1977, quando o voluntário Carlos Eduardo de Mesquita, ao se mudar para Pindamonhangaba, trouxe o conceito da casa. Mesquita preside o local há 39 anos e há oito conta com o promotor de justiça, André Piccolo, como vice-presidente.
A Casa ajuda principalmente a criança desde o ventre materno. “Entendemos que não dá para ajudar a criança sem estruturar a própria família em que ela vai nascer”, conta o vice-presidente. Com isso, o atendimento de pré-natal é realizado com os médicos voluntários, que atendem na unidade ou no próprio consultório, gratuitamente.
A mãe gestante entra na casa, passa a ter uma assistência de alimentos, medicamentos, e ‘orientação maternal’, que é o ensinamento de cuidados maternos, higiene, cuidados gerais do lar. De acordo com Piccolo, o objetivo é que a criança, ao nascer, encontre um ambiente agradável e estruturado para se viver.
Além dessas instruções básicas para a mãe, a Casa (entidade espírita) transmite conceitos morais e evangélicos, para que haja noção de perdão, amor ao próximo e solidariedade. “Assim essa família terá uma vida em paz e a criança recebe educação desde o berço”, explica Piccolo.
Entretanto, vale ressaltar que para frequentar a casa não é preciso ser espírita. A religião está presente para os interessados, simpatizantes e para propagar uma mensagem positiva às famílias, que geralmente são desestruturadas.
As famílias assistidas pela Casa sempre são visitadas para verificar as reais necessidades. “Em algumas vezes elas estão em situações lastimáveis, sub-humanas. Assim ‘corremos’ para atender as emergências nas medidas das nossas forças”, conta Piccolo.
Vale ressaltar que há crianças na instituição que não fazem parte das famílias assistidas pela casa, basta fazer a inscrição.
Outro serviço que a Casa Transitória presta à comunidade é a distribuição de sopas. Cerca de 800 litros são distribuídos diariamente em dois horários, às 9 e às 15 horas.

Fundos

As principais atividades para arrecadação de verbas são as campanhas, como a campanha do quilo aos sábados à tarde, quando voluntários vão de casa em casa arrecadar mantimentos. Campanha das cestas básicas, na qual as pessoas se comprometem com a doação mensal de uma cesta básica. Campanha do óleo, produto muito utilizado e que não é doado com frequência. Campanha do leite em pó, para atender às mães portadoras de problemas de saúde e que não têm condições de amamentar o filho.
Além disso, são realizados eventos, como a Noite da Pizza no segundo sábado de cada mês. Almoço beneficente, no último domingo de cada mês. Assim como outras atividades como bazares, feiras e barraca em festas.

Voluntário

Cerca de 500 pessoas, de todas as idades, fazem trabalhos em troca de gratidão, exceto aqueles que cumprem serviços com a Justiça. Porém, não estão presentes na Casa o tempo todo, por exemplo, médicos e dentistas, que atendem na instituição e também nas próprias clínicas.
O vice-presidente destaca, que o voluntário tem total liberdade. Ele é quem escolhe qual atividade quer desenvolver ou ajudar e os dias e horários que pode oferecer.
Há ajudantes de todas as áreas como no serviço social que fazem o atendimento inicial e o estudo socioeconômico das famílias; na padaria, produção e doação de pães às famílias; na despensa, departamento que recebe o mantimento e monta as cestas que serão entregues às mães; voluntário das sopas; campanhas; entre outros.


Anália Franco

Espaço destinado a atender, no contraturno da escola, crianças de 4 a 14 anos com um complemento educacional com aulas de idiomas, informática, artes, expressão corporal e música. Ensino que uma criança carente, geralmente, não obtém numa escola tradicional.
Atualmente o espaço Anália Franco atende pelo menos 150 crianças, parte delas filhas das mães gestantes atendidas pela casa e outra parte formada pelos inscritos. Na escola, os desempenhos desses estudantes são acompanhados para garantir a frequência nas aulas, pois é uma condição para que estudem na Casa.
De acordo com André Piccolo, é perceptível a necessidade de algumas crianças. “À tarde, muitas vêm sem ter se alimentado, pois não têm o que comer em casa, e esperam o lanche da tarde, que é o almoço delas”, lamenta.
Outro aspecto apontado pelo vice-presidente é o ambiente, às vezes violento, no qual muitas delas se encontram. “E isso se revela nos procedimentos delas em sala de aula. Então tentamos minimizar com conceitos de fraternidade, solidariedade e amor ao próximo. Além das carências materiais da família”, explica.

As mães

As mães que são acompanhadas na gestação recebem toda semana uma sacola com mantimentos para ajudá-la, ela é capacitada com curso para desenvolver habilidades e auxiliar na própria renda como culinária, corte e costura, crochê, tricô, cabeleireiro. Quando a criança nasce ela não sai do programa, durante um ano. “A medicina diz que até um ano o cérebro fica em formação, mesmo depois do nascimento. Então uma boa alimentação é fundamental”, destaca Piccolo.

Espiritismo

É uma religião cristã, tem Jesus como centro e o evangelho como norte. A Casa Transitória é dirigida por preceitos espíritas, porém não atende somente religiosos ou espíritas, qualquer pessoa pode frequentar a instituição e nem há a exigência de se tornar espírita. A instituição procura cultivar os bons conceitos, sobretudo os comuns em todas as religiões como o perdão, amor ao próximo e fraternidade. Aqueles que se interessarem recebem explicações referentes ao conceito de reencarnação.

Imagens: Divulgação
  • Cerca de 500 pessoas, de todas as idades, fazem trabalhos em troca de gratidão
  • ‘Anália Franco’ realiza trabalho com jovens