Editorial : Compaixão e solidariedade

Todos nós assistimos, há 15 dias, a tragédia de Brumadinho. As imagens da destruição, das pessoas sendo retiradas da lama, dos corpos sendo transportados, dos bombeiros e outros envolvidos nas operações de resgate trabalhando incessantemente, são mais do que dramáticas.

As consequências da ruptura daquela barragem vão além do horror e entram no campo da moral, da ética social e das responsabilidades civis de tantos envolvidos.

Nesta edição, vamos ver a história de uma moradora de Pindamonhangaba que, mais que se chocar com a tragédia, se mobilizou para fazer algo em prol de quem foi atingido pela onda de lama. Rosângela Coelho e um grupo de amigos deixaram de lado seu descanso no último fim de semana e foram até Minas Gerais, impulsionados por compaixão e solidariedade.

O compartilhar amor é a energia mais poderosa no processo de humanização. Amar é uma decisão que precisamos, o quanto antes, aprender a tomar. Todos os dias temos a possibilidade de amar ou odiar, ajudar ou atrapalhar, compartilhar ou reter, pensar no outro e ser generosos ou fechar-nos e ser egoístas.

Se não em Brumadinho, podemos escolher a solidariedade na nossa rua, no nosso bairro, na nossa cidade, olhando com mais atenção ao próximo; doando uma cesta básica para uma família carente; oferecendo um prato de ração a um animal faminto; estendendo a mão para um ser abandonado.

A compaixão, quando aflorada, nos torna sensíveis ao outro, a ponto de sentir-nos incomodados diante da injustiça, da exclusão e da indiferença social. A solidariedade mobiliza forças pessoais e sociais, com poder de transformação das estruturas da sociedade fria e indiferente em que vivermos.

Quando compreendemos o poder da compaixão e a força da solidariedade para suscitar entusiasmos, mobilizações e transformações culturais e sociais, encontramos o antídoto contra a teimosa cultura da indiferença social que nos assola.