Editorial : Confiança de todos os lados

Não há como negar que dos órgãos ‘técnicos’ do Governo Federal, o BC – Banco Central – seja, bem provavelmente, o de maior credibilidade e, sem sombras de dúvidas, o mais importante.
Suas previsões normalmente se diferem das ‘utópicas’ apresentadas pelo Ministério da Fazenda – órgão técnico-político – e se aproximam das apontadas pelo mercado financeiro. Até por isso, o Banco Central erra menos e ganha mais notoriedade.
Pois bem, o novo presidente do BC, Ilan Goldfajn, ao receber o cargo de seu antecessor na segunda-feira (13), afirmou que seu objetivo é defender o poder de compra da moeda, ou seja, “manter o custo de vida em nível baixo”. Na realidade, o que ele pretende é amenizar o elevado custo, mas tudo bem.
“Nessa nova e desafiadora jornada, perseguirei um único e claro objetivo”, afirmou o novo presidente do BC. “Assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente”, emendou.
“Vivemos aquela que talvez seja a maior recessão da nossa história, mas tenho certeza que com foco, determinação e implementação de medidas adequadas, seremos capazes de, nos próximos anos, construir um ambiente favorável, com geração de emprego e renda para todos os brasileiros”, argumentou.
Neste trecho é interessante prestarmos atenção na expressão ‘nos próximos anos’, ou seja, ele já dá o recado que nada será feito em curto espaço de tempo – reafirmando o posicionamento de que o BC é uma instituição sólida e de caráter técnico. Mais que isso, a declaração demonstra que a diretoria do Banco Central quer manter o foco do trabalho em ações estáveis, em outras palavras ‘nada de sonhos, mas sim de manter os pés no chão’.
Elogiado pelo seu ‘chefe’, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles e pelo antecessor no BC, Alexandre Tombini, o que só acontece no Banco Central, mesmo quando há ‘troca de Governo’, Ilan Goldfajn chega ao órgão com confiança do presidente em exercício Michel Temer, de sua equipe, de analistas de política, mas, sobretudo, de quem verdadeiramente importa e tem condições de dar palpite – o mercado financeiro.
Agradar especialistas e ter autoridade perante as instituições financeiras – bem verdade é seu forte – Goldfajn detém conhecimento dos mecanismos e estratégias para recolocar a política monetária do país no eixo, porém resta saber se outros órgãos do Governo vão funcionar adequadamente para ‘engrenar’ a máquina.
Torcemos para que sim.