Editorial : Conscientização forçada

Não adianta tentar argumentar ou se justificar de que você só tomou uma cerveja ou uma dose de uísque, um golinho em uma caipirinha ou uma popular catuaba, se você for parado em uma ‘blitz’ de fiscalização, vai ‘rodar’.
É lei, é proibido ingerir bebida alcoólica e dirigir – independentemente da quantidade ou da sua ‘famosa’ resistência.
Então, para que insistir? Não pode, não pode. Não há argumento contrário.
Aliás, essa semana temos um fato relacionado ao tema para comemorarmos. Segundo a mais recente pesquisa do Ministério da Saúde, o percentual de adultos que admitem beber e dirigir nas capitais do Brasil teve queda de 21,5%. Isso comprova queo endurecimento da Lei Seca, no ano de 2012, está surtindo efeito entre os motoristas das capitais brasileiras.
No ano passado, 5,5% da população dessas cidades declararam que dirigiam após o consumo de qualquer quantidade de álcool, contra os 7% do ano de 2012. Os homens (9,8%) continuam assumindo mais a infração do que as mulheres (1,8%). Apesar disso, desde o endurecimento da Lei Seca, menos homens têm assumido os riscos da mistura álcool/direção: a queda foi de 22,2%, entre 2012 e 2015, na população masculina.
De acordo com a pesquisa de 2015, 8,7% da população de 25 a 34 anos admitem beber e dirigir. O número é duas vezes maior do que o registrado na população de 18 a 24 anos e quatro vezes maior do indicado em homens e mulheres de 65 anos ou mais. Outro índice importante é o nível de escolaridade: a pesquisa detectou que, quanto maior o grau de instrução, maior é o número de pessoas que assumem o risco.
Os dados são da pesquisa Vigitel 2015 – Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico – que realizou mais de 54 mil entrevistas nas capitais dos 26 estados e no Distrito Federal. O levantamento é realizado anualmente, desde 2006, pelo Ministério da Saúde. Os dados são coletados e analisados por meio de uma parceria com o Núcleo de Pesquisa em Nutrição e Saúde da USP – Universidade de São Paulo.
Este ano, a lei seca completa oito anos de vigência. Além de mudar os hábitos dos brasileiros, ela trouxe um maior rigor na punição e no bolso de quem a desobedece. Com o passar dos anos, a lei passou por mudanças e ficou mais severa com o objetivo de aumentar a conscientização de não se misturar a bebida com direção.
Atualmente, o condutor que ingerir qualquer quantidade de bebida alcoólica e for submetido à fiscalização de trânsito está sujeito a multa no valor de R$ 1.915,40 e suspensão do direito de dirigir por 12 meses. Em caso de reincidência, o valor da multa é dobrado.
O pior de tudo, não é o valor da multa ou carteira, mas sim de cometer um acidente – o que vai ocasionar em danos materiais aos veículos, custos para reparo, e causar ferimentos em pessoas – dentro e fora dos carros, inclusive de você condutor – podendo levar a óbito.
Com tudo isso, para que beber e dirigir? Vale o risco? Aliás, vale a pena beber?