História : Coronel Salvador Fernandes, o bandeirante…

“Nos coldres levava o seu par de pistolas, canos de bronze e aparelhados de prata”

As informações históricas sobre Salvador Fernandes Furtado recontadas neste texto têm como fonte as valiosas pesquisas de Waldomiro de Abreu
no testamento do próprio bandeirante, segundo trabalho de Félix Guisard Filho (Revista do Arquivo Municipal de São Paulo); escritos de Diogo Vasconcelos (História Antiga das Minas Gerais Imprensa Nacional, rio de Janeiro-RJ, 1948); escritos de Salomão Vasconcelos
(Bandeirismo, Biblioteca Mineira de Cultura, Belo Horizonte,1944)

O coronel Salvador Fernandes Furtado é um dos bandeirantes pindamonhangabenses destacado por Waldomiro Benedito de Abreu (1914-1999) em Pindamonhangaba – Tempo e Face (Editora Santuário, Aparecida-SP, 1977, no capítulo dedicado aos bandeirantes pindamonhangabenses.
Sertanista intrépido, amante e culto, ele nasceu em Coruputuba, local na época conhecido como “Porto de Curupaitiba”, quando Pindamonhangaba ainda era Freguesia, terras pertencentes à Taubaté. Era filho do capitão Manoel Fernandes Yedra e de Maria Cubas. Fora casado com dona Maria Cardoso, com a qual teve cinco filhos, mas em suas cavalgadas pelos sertões levava consigo suas escravas Bárbara e Andresa. Uma era índia e a outra, mameluca. Ambas eram também suas amantes e das quais deixou muitos filhos, mencionados no seu testamento.
“Acompanharam-no sempre nas andanças do sertão, sem que o fato encerre qualquer nota escandalosa ou desabonadora, em virtude dos costumes da época e das normas da vida bandeirante.”
Em seu testamento fez questão de confirmar a alforria que dava a suas escravas, bem como a todos os filhos delas. Legou à Andresa 200 oitavas de ouro em pó, explicando no testamento que eram “pelos serviços dela que há tantos anos tenho recebido e o que mais pelo amor de Deus Nosso Senhor.”
Foi um dos mais opulentos fazendeiros. Descobriu muitas minas e edificou inúmeras capelas. Possuía extremo caráter bondoso e previdente e distinguia-se por sua inclinação para os estudos. Lia as Ordenações do Reino (encadernadas e conservadas em pasta com friso de ouro) e a História Social em seis volumes e mais 27 livros, todos encadernados em pergaminho, material que carregava com ele em suas andanças pelos sertões.
Escreveu seu testamento em sua fazenda na paragem do Rio do Peixe, freguesia de São Caetano, distrito da Vila do Carmo, onde ocupava o cargo de Juiz ordinário. Em ocasiões solenes, quando ia à Vila, “montava seu alazão arreado com sela de pele de onça, coxim de marroquim, xaréu e bolsão de veludo bordado a retrós amarelo; o freio era de prata reluzente”. “Nos coldres levava o seu par de pistolas, canos de bronze e aparelhados de prata.”
Waldomiro cita ainda, baseado em suas pesquisas, que foi um dos filhos desse bandeirante, o Bento Fernandes, quem forneceu ao inconfidente Dr. Cláudio Manoel da Costa, os apontamentos para o poema “Vila Rica”.
Outro fato interessante relacionado ao intrépido sertanista refere-se à sua esposa dona Maria Cardoso. Ela morava em Pindamonhangaba (provavelmente em Coruputuba) e só foi para Minas em 1711.
O coronel Salvador Fernan-des Furtado foi sepultado aos 21 de junho de 1725.

  • Anúncio do passado: Publicava-se nos anos 30, no jornal Folha do Norte (extinto)