História : Curiosidades da Banda Euterpe

Euterpe, que segundo a mitologia grega significa deusa da música e poesia lírica, é a denominação da banda considerada a mais antiga do Brasil: Corporação Musical Euterpe de Pindamonhangaba. Fundada em 22 de agosto de 1825 , sua criação ou organização é atribuída ao maestro João Batista de Oliveira, conhecido por João Pimenta.
Entidade musical que se aproxima dos duzentos anos de existência, a Euterpe foi tema de nossas pesquisas em diversas edições desta página de história. Fatos relacionados à sua secular trajetória existencial se encontram registrados nos arquivos deste jornal que ao lado dela e da Santa Casa formam o trio de entidades mais antigas de Pindamonhangaba em funcionamento desde que foram criadas: Corporação Musical Euterpe – 22 de agosto de 1825; Santa Casa de Misericórdia – 6 de agosto de 1863 e Jornal Tribuna do Norte – 11 de junho de 1882.
Com relação às datas de fundação constatamos que a Euterpe já contava com 38 anos quando aconteceu a fundação da Santa Casa e 57 anos quando João Romeiro fundava a Tribuna do Norte. Mais curiosidades relacionadas à banda de João Pimenta, carinhosamente também conhecida pelos cidadãos mais antigos como ‘a briosa’, o leitor relembra a seguir.

Tuba ao Mar

Uma das passagens históricas e mais pitoresca envolvendo a banda é a da tuba que caiu no mar. Contam que nos tempos do Brasil Império a Euterpe foi convidada para tocar numa festa promovida pelo imperador Pedro II. Chegando ao Rio de Janeiro, embarcaram em uma balsa que levaria os músicos até Niterói, local da apresentação. Durante a travessia uma tuba caiu nas águas da baía da Guanabara. Por ordem do Imperador, foi resgatada por um mergulhador. A tuba hoje é guardada como objeto histórico pela corporação.

“Paraíso Terreal…”

Coube aos músicos da Corporação Musical Euterpe a primeira apresentação do Hino Pindamonhangabense ao público. A execução ocorreu no dia 7 de janeiro de 1899, em frente ao Paço Municipal, na posse da câmara eleita pelo Partido Republicano.

Bolero do Athayde

Em 7 de fevereiro de 1964, na inesquecível participação no programa Lira de Xopotó, da Rádio Nacional, a Euterpe apresentou entre outros números o bolero “Querida”, do Athayde Marques, o saudoso Athayde da barraca do Mercado Municipal. A ida ao programa apresentado pelo médico e locutor Paulo Roberto, foi possível graças à iniciativa do presidente da banda na época, Francisco Piorino Filho, auxiliado pelo músico e poeta Vicente Salgado, que era vice. (Francisco Piorino, Fatos e Crônicas – 1989)

Prato frio

O músico Alfredinho Marcondes achava que o músico José Bastos já não aguentava mais com o peso do bumbo. Tanto chateou o colega de banda que o mesmo resolveu passar o instrumento para o Júnior, o José Bastos Júnior. Mas, por desaforo, não deixou a Euterpe: ficou com os pratos. Como represália (ou senso de humor) na hora de sua parte fazia questão de repercurtir os pratos bem perto dos ouvidos do Alfredinho. Vingança é “prato” que se “repercute” frio.
(João Martins de Almeida, Vultos de Pindamonhangaba – 1968)

Churrasco

Um antigo músico da Euterpe contou que certa vez a banda foi animar um leilão promovido por uma igreja. Por gentileza, o vigário ofereceu um churrasco aos músicos. Mas a carne era tão dura, mas tão dura que um dos músicos dependurou um pedaço no varal existente em frente ao templo e escreveu, com carvão, o seguinte recado: “Seo padre, esta carne parece ser do cussarruim”.
(Anibal Leite de Abreu, crônica, Tribuna do Norte, 28/8/1995)

Fim de Carreira

João do Juca era um bom músico. Nos tempos de moço era uma praga. Rixento, provocador e arruaceiro, conquistou fama de valente. Mais idoso, criou juízo. Mas certa vez, em pleno jardim da Cascata, encrencou com o Francisco Santiago, então dirigente da banda, e disse: “Sabe de uma coisa, Chiquinho?
Encerro aqui minha carreira de músico”. E sapateou sobre o bombardino.
(João Martins de Almeida, Vultos de Pindamonhangaba – 1968)

Mulheres na Euterpe

O inesquecível José de Assis Alvarenga, Zé Sambinha, que além de músico, durante anos cuidou da sobrevivência da Euterpe, conta que foi em 1989 que a banda recebeu as primeiras mulheres em seu quadro de músicos. Foram elas, Karina e Kátia, a primeira tocava clarinete e a outra, piston. Eram de Tremembé.

Euterpinha

Em 1975, ano em que a Corporação Musical Euterpe comemorava seu sesquicentenário de fundação, a banda mantinha a Euterpinha, uma banda-mirim composta por meninos de 11 a 13 anos – e fanfarra com 22 instrumentos. Seus componentes, conforme relação publicada na edição de 16/8/1975 do jornal Tribuna do Norte, eram: Pedro Luiz Marcondes de Mello, Marco Antônio Luz Leite, José Fábio Braga Santos, João Henrique de Oliveira Hein, Jarbas Antônio Giovanelli, Edson Luiz Salgado Junior, Nelson Henrique Barbosa Cabral, José Ricardo Nóbrega Guimarães, José Mauro Junho de Araújo, André Eduardo Alves Beraldo, Mozart Prado Júnior, Carlos Alberto Moreira Fraga, José Robson Ferreira Paiva, Moacyr Macruz de Oliveira, Sílvio Macruz de Oliveira, Eduardo F. Santos, Paulo de Andrade Júnior, Carlos Augusto da Silva e Luiz Fernando Salgado.

  • Em outubro de 2018, a Corporação Musical Euterpe foi agraciada com a Medalha do Mérito Athayde Marcondes, condecoração concedida anualmente pelo Legislativo Municipal de Pindamonhangaba a pessoas e entidades que contribuem com a história e cultura do município
  • Euterpe completará 194 anos em agosto