“Dia da participação de Pindamonhangaba na Independência do Brasil”

Há 56 anos uma iniciativa cívico-patriótica da administração municipal criava uma data comemorativa para destacar a participação pindamonhangabense na libertação da pátria

Manoel Cesar Ribeiro (1919/1981) estava em seu segundo mandato à frente do Legislativo (1961/1964) quando, mediante a assinatura do decreto nº 223, de 10/9/196, criou uma data comemorativa histórica para o município: o ‘Dia da Participação de Pindamonhangaba no Grito de Ipiranga’. A efeméride seria em 22 de agosto, dia em que o imperador Pedro I partira de Pindamonhangaba com sua Guarda de Honra composta por 10 pindamonhangabenses, incluindo entre estes seu comandante.
A ideia de comemorar essa data foi em consideração à importante participação dos filhos de Pindamonhangaba em favor da independência do Brasil. Ficando acertado que anualmente caberia ao prefeito em exercício nomear a comissão que com ele (prefeito) mais o presidente da Câmara organizariam os festejos comemorativos à data. “A comissão deveria empregar todos os meios para dar aos festejos a maior pompa possível, tornando a cerimônia uma atração turística, enaltecendo as tradições de Pindamonhangaba”.
Também ficou acertado no mesmo decreto que “no local onde a Guarda de Honra se formara pela primeira vez, na praça Monsenhor Marcondes, a Prefeitura construiria, sobre um pedestal no qual seriam inscritos os nomes dos componentes da guarda, uma pira votiva, que ficaria acesa nos dias 22 de agosto e 7 de setembro”. E ainda: “um dos bairros da cidade teria em suas ruas os nomes dos participantes da Guarda de Honra”. (Isso ocorreu posteriormente e a localidade que teve suas vias denominadas em homenagem aos pindamonhangabenses da Guarda de Honra foi o bairro da Mombaça.)

Obelisco
Um monumento em memória dos pindamonhangabenses da Guarda do Imperador já havia sido construído na praça Monsenhor Marcondes em 1922, atendendo reivindicação de Athayde Marcondes e do presidente da Câmara Municipal naquele tempo, Dr. Raul Moreira Marcondes (neto do Guarda de Honra José Romeiro de Oliveira). A placa contendo os nomes dos integrantes da guarda havia sido autorizada a ser colocada “na laje posterior do monumento”, de acordo com a lei 208 (14/12/1953), assinada pelo prefeito Caio Gomes Figueiredo.
Sobre este monumento, José Renato Guaicuru San Martin, em “Pelas Velhas Ruas de Pindamonhangaba” (desenhos a bico de pena), JAC-Gráfica e Editora, 1995, conta que “situava-se ao centro de um canteiro e era contornado por letras de grama que formavam o dístico “Independência ou Morte”.

O dia 29 de setembro
O primeiro Dia da Guarda de Honra de D. Pedro I, Pindamonhangaba comemorou no dia 29 de setembro de 1963 (o decreto de criação da data só foi publicado depois). Nesse dia houve desfile cívico às 9 da manhã com participação das seguintes instituições: 2º Batalhão de Engenharia de Combate, Instituto de Educação (atual Escola Técnica João Gomes de Araújo), Escola de Comércio (Colégio Comercial Dr. João Romeiro) e uma representação da lavoura local, com dezenas de tratores.
Ainda pela manhã, houve missa celebrada pelo padre João (monsenhor João José de Azevedo) na Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso e, após a celebração, a inauguração da placa com os nomes dos 14 pindamonhangabenses da Guarda de Honra, no panteão da igreja São José.
À tarde, na Câmara, sessão solene e recepção a D. Luiz de Orleans de Bragança, que representou seu pai, o príncipe D. Pedro Henrique de Orleans e Bragança, chefe da Casa Imperial Brasileira. Durante a sessão, a família Marcondes Machado ofertou ao município o retrato do alferes Manuel Ribeiro do Amaral, um dos integrantes da histórica Guarda de Honra. À noite, houve retreta no coreto da Cascata, com a banda do Regimento Itororó, do 5º Regimento de Infantaria de Lorena.

Não houve
reconhecimento
Na Tribuna do Norte, edição de 21/8/1966, artigo editorial com o título “A Guarda de D. Pedro”, revela que apesar de oficializada, a importante data não teve o reconhecimento que merecia. “O prefeito Manoel Ribeiro, sob a inspiração de Balthazar de Godoy Moreira tentou criar junto a nós o culto à memória de pindamonhangabenses presentes ao episódio da Independência da Pátria, mas, infelizmente, tudo não passou de uma festa, de uma só festividade, da qual, apenas alguns guardam uma recordação imperecível”, desabafou o editorialista.

Rua Sete de Setembro
Em Pindamonhangaba, a rua que homenageia a data magna da pátria é aquela que, saindo da Frederico Machado vai até os baixos do viaduto da Jorge Tibiriçá e prosseguindo, adentra-se à travessa Guaianazes em direção à av. Dr. Campos Sales.
Esta via passou a ser ‘Sete de Setembro’ devido a facilidade com que os políticos criavam leis dispondo sobre inversão e mudança de nomes nas ruas do município. E o faziam, às vezes, até de acordo com conveniências pessoais. Tanto é que a hoje ‘Deputado Claro César’ já foi ‘Sete de Setembro’ no trecho da ‘Marechal Deodoro’ até a igreja Matriz. Nessa época, o trecho da Matriz até a praça Monsenhor Marcondes chamou-se rua ‘Duque de Caxias’. Em 1891, passou a ser rua Independência em toda a sua extensão. Em dezembro de 1920 é que recebeu a denominação ‘Deputado Claro César’.
Mas “Sete de Setembro” foi denominação que sempre se estampou em uma determinada rua da Princesa do Norte. Segundo pesquisa de Newton Lacerda César, quando chefe do Arquivo Histórico Municipal, a rua dos Andradas também já foi rua Sete de Setembro. Teve este nome até 1925, quando passou a ser rua dos Andradas e, por incrível que pareça, também já foi rua Bicudo Leme e a ‘Bicudo Leme’ foi rua dos Andradas.

Praça Sete de Setembro
Em julho de 2018, mês do aniversário de Pindamonhangaba, a atual administração municipal, prefeito Isael Domingues, inaugurou em área localizada na rua Sete de Setembro, a Praça Sete de Setembro.
Uma extensa, moderna e agradável área de lazer destinada à população. A maior praça do municipio e que conta com piso intertravado, demarcação de estacionamento e canteiros, plantio de árvores, bancos, lixeiras, iluminação geral, gradil em seu entorno e ainda será contemplada com fonte luminosa e concha acústica.

 

Os pindamonhangabenses da Guarda de Honra

Pindamonhangabenses, membros da Guarda de Honra de Pedro I, que participaram da viagem que culminou com a proclamação da Independência (nomes que merecem ser registrados em alguma forma de arte na Praça Sete de Setembro):
1. Coronel Manuel Marcondes de Oliveira Mello
(segundo comandante interino);
2. Capitão João Monteiro do Amaral;
3. Tenente-mor Francisco Bueno Garcia Leme;
4. Sargento-mor Domingos Marcondes de Andrade;
5. Alferes Manuel Ribeiro do Amaral;
6. Alferes Adriano Gomes Vieira de Almeida;
7. Antônio Marcondes Homem de Mello;
8. Capitão Benedito Correa da Silva Salgado
9. Miguel de Godoy Moreira e Costa;
10. Capitão Manuel de Godoy Moreira.
Ainda de Pindamonhangaba tivemos mais quatro oficiais pertencentes à guarda que por motivos ponderáveis não puderam acompanhar o príncipe naquele evento:
11. Capitão José Romeiro de Oliveira;
12. Capitão Antônio Salgado Silva
(que se tornaria Visconde da Palmeira)
13. Alferes Rodrigo de O. Bueno de Godoy;
14. Capitão Cândido Marcondes Ribas

  • Letreiro “PindAMOnhangaba” é mais uma das atrações da Praça Sete de Setembro