Vanguarda Literária : DONA ANGÉLICA: UMA GUERREIRA

A cultura vale-paraibana, em particular, e a brasileira, em particular, perderam um grande nome, uma excelsa referência, uma mulher valorosa e altiva: PROFESSORA ANGÉLICA VILELA REBELLO DOS SANTOS., carinhosamente conhecida como Dona Angélica.
Essa guaratinguetaense amorosa, certamente, veio ao mundo para brilhar. Professora por opção e formação, exerceu o magistério com muita dignidade na sua segunda terra -Taubaté, aonde aportou em 1962, cresceu como profissional, chegando a ser diretora na Rede de Ensino do Estado de São Paulo. Intelectual primorosa, teve atividades múltiplas nas áreas de História, Genealogia, Romance, sobretudo na Poesia, com destaque para a trova, sua grande paixão. Essa mulher batalhadora sempre disse PRESENTE a todos os movimentos culturais de Taubaté. Recordo, com saudade e reverência, o seu trabalho no grupo que propugnou pela criação da Academia Taubateana de Letras liderado pelo competente escritor professor Aldo Aguiar. Foi uma luta titânica! Eu era presidente da Academia Pindamonhangabense de Letras e consegui trazer o apoio decisivo, para essa causa nobre, do meu saudoso padrinho literário – DR. ISRAEL DIA NOVAES, então presidente da Academia Paulista de Letras, o qual me deu praticamente uma ordem: “Em nome da Academia Paulista de Letras, dê o apoio necessário. A Academia Taubateana de Letras tem que nascer!”. E nasceu! Exatamente no dia 28 de maio de 1999, com palestra inaugural do Dr. Israel. Fizemos parte do primeiro Conselho Diretor. Mais uma vitória da Dona Angélica! Sempre ao meu lado, quando fui Presidente Estadual da União Brasileira de Trovadores (UBT), ela foi minha dinâmica secretária.
E o que dizer de sua atuação frente à Seção Municipal da União Brasileira de Trovadores de Taubaté? Dirigente dedicada realizou inúmeros concursos nacionais e regionais e editou o Boletim da UBT durante muitos anos. Foi uma batalhadora incansável!
Legou-nos Trovas de alto valor literário, laureadas em inúmeros jogos florais e concursos em todo Brasil e em Portugal. Apreciemos esse conjunto de trovas filosóficas com as quais conquistou prêmios em Pindamonhangaba, cujo concurso ela prestigiava com muito entusiasmo e carinho:

Presente é como migalha
que mal se nota cair,
pois é um fio de navalha
entre o passado e o porvir.
(Vencedora – 2000)

À astúcia utilizada
bato palmas, brindo o vinho,
se a mentira, derrotada,
à verdade abrir caminho!
(Menção Honrosa – 2011).

Às vezes a caridade,
que a paz a esperança aspira,
põe, no lugar da verdade,
uma piedosa mentira…
(Vencedora – 1999).

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