Editorial : Empresas se endividando Com movimento baixo, indústrias recorrem a bancos para pagar contas

Embora alguns indicadores econômicos tenham exibidos números que apontam uma tendência de melhora para o Brasil, é muito cedo para celebrarmos. O que é uma grande decepção para todos os habitantes.

Não é novidade afirmarmos que estamos em crise, porém é preciso discutir quanto tempo levaremos para tirar os pés da lama e começarmos a caminhar.

Para piorar o humor, o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp) informou na quinta-feira (10), mais um dado preocupante. Segundo o órgão, a maioria das indústrias paulistas acredita que o movimento do final do ano deve ser menor que o registrado em 2015. Segundo a divulgação, 53,4% das empresas acreditam que o movimento do Natal será pior que o do ano passado, enquanto 28,6% avaliam que deve ser igual e 16,6% apostam que o movimento será melhor.

O porcentual que acredita que o movimento será menor este ano é mais otimista que nos anos anteriores, conforme a Fiesp e a Ciesp. Em 2015, esse resultado estava em 81% e, em 2014, marcou 62,1%.

Em relação ao porte das empresas, o porcentual de empresas mais pessimistas é composto pelo contingente de 58,1% das indústrias de pequeno porte, 45,4% das médias e 42,9% das empresas de grande porte.

Segundo o diretor do Depecon, Paulo Francini, os dois últimos anos foram ruins e ainda não é possível ver uma recuperação. “São dois momentos difíceis para a indústria, com resultados muito semelhantes. É decepcionante para quem esperava uma retomada, mas o final de 2016 não será auspicioso”, conclui o diretor da Fiesp.

As empresas consultadas pela pesquisa também avaliaram que as vendas no fim deste ano terão queda 6,5% em relação ao ano passado. Esse número é mais negativo entre as empresas de pequeno porte (7,9%). Já as médias esperam recuo de 4,6% e as grandes, de 1,7%. De maneira geral, a expectativa sobre as vendas é melhor do que a dos anos anteriores. Em 2015, era esperada queda de 14,1% e recuo de 7,8% em 2014.

Em relação às encomendas para o final do ano, a maioria das empresas (39,8%) respondeu que os pedidos estão mais atrasados do que em 2015, um porcentual menor que em 2015 (47,7%). Já 30,2% das indústrias consideraram que as encomendas estão sendo realizadas no mesmo período e 3,4% avaliaram que os pedidos estão sendo feitos com antecedência. Outros 17,7% disseram que não é afetado pelo final do ano e 8,9% não responderam a questão

Para pagar o 13º salário do funcionários, 44% das empresas utilizarão recursos provisionados no decorrer do ano, enquanto 29,2% vão usar financiamento de terceiros. Outros 21,5% das indústrias vão aproveitar as vendas do último trimestre do ano para pagar o 13º salário e ainda 3,9% utilizarão outras fontes de recursos.

Das empresas que vão utilizar financiamento bancário para pagar o 13º salário, 73% consideraram que as condições estão mais complicadas do que em 2015. Entre as empresas que vão usar as vendas do quarto trimestre, as dificuldades estão maiores para 50,5% delas. Já para as indústrias que vão pagar o 13º com o provisionamento de 2016, 42,2% disseram que a situação está igualmente difícil em relação ao ano passado e 24,2% afirmaram que não estão encontrando nenhuma dificuldade.

Segundo a Fiesp, independentemente da fonte de recursos para pagamento do 13º salário, 35,9% das indústrias consultadas disseram que estão recorrendo aos bancos para conseguir o valor total ou parcial do benefício, porcentual menor que em 2015 (38,5%). Essas empresas pretendem obter recursos equivalentes, em média, a 82,7% de sua folha de pagamento.

Com tanta incerteza no ar. Aos gestores empresariais, o melhor para fazer é buscar esfriar a cabeça e agir com prudência e cautela. É momento de reflexão.