Entrevista da Semana

O entrevistado desta semana é o presidente do Sindicato Rural de Pindamonhangaba, João Bosco Andrade Pereira, que está à frente da instituição pela terceira vez. Com mais de meio século de existência, o Sindicato Rural do município tem por missão principal representar a categoria dos produtores rurais e por diversos fatores, a trajetória de João Bosco se funde a história da instituição.

TN: Qual a principal finalidade do Sindicato Rural?
Representar legalmente a categoria dos produtores rurais é a nossa atividade básica. Mas, além disso, fazemos prestação de serviço, da parte de contabilidade e fiscal; recolhimento de impostos; orientações sobre registros de propriedade; CNPJ; recolhimento de encargos sociais; administração da folha de pagamento e treinamento de produtores e trabalhadores rurais.

TN: Quantos anos o sindicato tem? A sede sempre foi neste local?
Ao todo, o sindicato tem 54 anos, mas antigamente era a “Associação Rural de Pinda” e funcionava no centro da cidade, na avenida Coronel Fernando Prestes. Em 1965, a associação conseguiu a carta sindical e assim foi criado o Sindicato Rural de Pindamonhangaba, sendo extinta a associação. O sindicato funcionou, durante muito tempo, em uma casa na rua dos Andradas e, há mais de 20 anos foi transferido para este local. O terreno foi adquirido em 1970, mas a mudança de sede ocorreu em 1990.

TN: De que forma o Sindicato é mantido hoje? Somente com os associados?
O treinamento de produtores e trabalhadores rurais é mantido através de um convênio com o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), sendo fornecidos cursos para produtores, trabalhadores rurais e famílias, com um caráter social. A outra parte é a mensalidade dos associados e também a contribuição sindical, que é anual.
Hoje, temos aproximadamente 200 associados. Praticamente todos os produtores de Pinda, porque nossa base territorial é exclusiva daqui. Às vezes, tem produtores de outras cidades que se interessam em ser associados, até pelo fato de termos um bom convênio médico – gerido por uma prestadora de serviço da área de saúde, sem fins lucrativos, fundada, gerenciada e com participação exclusiva de produtores rurais – e com custo mais baixo.

TN: Há quanto tempo está no sindicato?
Estive a frente do sindicato em 1980; depois em 2014 e retornei em 2018.

TN: Quais foram os principais resultados desde que chegou ao sindicato (última gestão)?
Bom, recuperamos todas as nossas construções que estavam bem decadentes; que já teve uma boa administração de 2014 pra cá. Os eventos que estamos fazendo como o ‘Torneio Leiteiro’; exposição de caprinos, a comemoração do ‘Dia do Produtor Rural’. São eventos que estão crescendo e de uma forma diferente, visando mais o público-alvo, que são os produtores rurais e suas famílias.
Também podemos citar o aprimoramento dos cursos. Com uma programação extensa durante o ano inteiro, no sentido de apoiar o produtor rural na área técnica. Por exemplo, temos cursos para moto-serra e roçadeira; manutenção de tratores e máquinas. Ou seja, são cursos voltados às atividades rurais, ao pequeno produtor, aos produtores de leite, aos produtores de uva. Ainda há pouca plantação de uvas, mas há vendas.
Em relação ao turismo voltado para a área rural realizamos cursos e treinamentos sobre produtos e alimentos, além de reaproveitamento de hortaliças em geleias, doces, bolos, conservas, tudo isso gera renda e empreendedorismo.

TN: O senhor já saiu e voltou ao sindicato. Por que quis voltar?
Eu gosto muito dessa questão da agropecuária e da zona rural. Sempre fui produtor rural, meu pai também. Eu comecei a produzir leite em 1977 e ainda continuo. Sempre tive paixão por isso e fiz faculdade de Agronomia. Então, eu sinto a possibilidade de fazer alguma coisa por essa área. É como se eu tivesse essa responsabilidade.
Dados da Organização das Nações Unidas dizem que até 2050 vamos ter 10 bilhões de habitantes na terra, havendo uma demanda de alimentos entre 50 e 70% a mais. Como as pessoas que moram na zona rural estão migrando, isso resulta no aumento de consumo – e sabemos que o habitante urbano consome mais. E o Brasil tem grande responsabilidade nisso, pelo fato de não haver mais terra no mundo, nós temos a possibilidade de dobrar a área de plantio – de acordo com dados da Embrapa – temos 8% do território ocupado pela agricultura; 22% pecuária, que está liberando área, podendo ser usado para a agricultura ou para reposição florestal.

TN: Quais são suas próximas metas para o Sindicato?
Procurar mais uma fonte de receita. Porque desde que a contribuição sindical deixou de ser obrigatória, caiu bastante a nossa arrecadação. Então, estamos dependendo mais deste recurso que a gente consegue junto aos sócios. E também pensamos que este terreno aqui no centro da cidade, deve gerar receita, por ser um patrimônio enorme.
Queremos construir um centro de formação profissional, para haver uma maior estrutura.
O sindicato representa o produtor, presta serviço na área administrativa e burocrática, na área fiscal e pessoal, legalização da propriedade… Mas acredito que o sindicato tem que fazer mais. Se colocando como um agente de desenvolvimento rural, fazendo ações que estimulem as pessoas a mudarem, inovarem, com tecnologias melhores. Isto é, auxiliar as pessoas as empreenderem, como na área de turismo, de transformação de produto e de produção.

TN: Quais são as suas metas pessoais?
Elas até se entrelaçam com a do próprio sindicato, porque eu quero que ele seja de extrema importância para o desenvolvimento rural; como um agente promotor!

TN: Qual a sua relação com o município de Pindamonhangaba?
Eu amo essa cidade. Eu nasci e sempre morei aqui. Só por um tempo que eu estudei e trabalhei fora. Eu fui diretor por três vezes da antiga Dira (Divisões Regionais Agrícolas) do Vale do Paraíba. Eu sou um cidadão que gosta muito daqui, pela vista privilegiada que temos da Serra da Mantiqueira. Por toda a riqueza da natureza e da localização. Temos lugares ótimos para o turismo. Quando saímos daqui, sentimos muita falta.

TN: Qual a maior realização na história do Sindicato?
Com certeza, para nós e para o público, foi a realização da ExpoVap – que fez parte da história de muita gente.

RAIO-X Do SINDICATO
Idade:
54 anos
Funcionários: 10 colaboradores
Associados: Cerca de 200
Endereço: rua Frederico Machado, n.65, bairro São Benedito.

 

  • Por volta de 1990, João Bosco (à esquerda) quando era diretor da antiga Dira (Divisões Regionais Agrícolas), com o então Secretário de Agricultura, Nelson Nicolau
  • João Bosco (à direita) com o secretário da Agricultura, Antônio Cabrera