Escalando candidatos

Está chegando a hora para os partidos políticos registrarem as suas listas de candidatos às eleições proporcionais. As vagas disputadas são para as Assembleias Legislativas e a Câmara dos Deputados.

Evidentemente que as siglas têm total interesse em preencher o máximo possível de cadeiras nessas duas casas. Prestígio político e capacidade de sobrevivência são proporcionais aos tamanhos das bancadas.

Saber montar uma lista de candidatos mais competitiva é uma tarefa essencial.

A reflexão sobre o assunto me despertou algumas dúvidas. O que é mais fácil: disputar uma vaga de deputado estadual ou federal? Eleger-se em São Paulo ou em outro estado qualquer? A última pergunta me ocorreu porque estou vendo notícias de pessoas procurando domicílio eleitoral em outros estados. Segundo recentes divulgações, a cônjuge do ex-juiz Sergio Moro estaria pensando em disputar uma vaga de deputado por São Paulo. O marido, que agora mudou de partido e desistiu da disputa majoritária, provavelmente também disputará uma vaga por São Paulo. Acho essa coisa de mudança de partido e disputa por um lugar que a pessoa mal conhece, no mínimo, estranho. O filho do presidente Jair Bolsonaro, que é do Rio de Janeiro, em 2018, tornou-se deputado por São Paulo. Quais seriam os motivos? Maior facilidade para se eleger? Desejo de representar e defender o povo de São Paulo?

Bem, vamos esquecer isso e retornar à nossa busca de respostas para as minhas perguntas feitas acima. Podemos começar nossa análise com o eleitorado. Os candidatos às vagas de deputado estadual e federal fazem campanha para um mesmo eleitorado em seu estado. Se tomarmos como exemplos os estados de São Paulo e Roraima, veremos que o primeiro possui o maior eleitorado do Brasil, já, o segundo, o menor. Será que é mais fácil se eleger em Roraima? Alguns candidatos alcançam individualmente em São Paulo votações imensamente maiores do que o eleitorado inteiro de Roraima. Mas nosso problema tem outras varáveis. O número de candidatos por partido é uma delas. A regra eleitoral define o número de candidatos como sendo o número de vagas disponíveis em cada casa legislativa mais um. Então, para deputado federal, cada partido poderá lançar até setenta e um candidatos em São Paulo e até nove candidatos em Roraima. Para deputado estadual, os partidos podem lançar até noventa e cinco candidatos em São Paulo e até vinte e cinco em Roraima. A quantidade de partidos disputando o pleito vai definir o número total de candidatos na disputa.

O terceiro elemento, a meu ver decisivo, é a relação entre a quantidade de vagas disponíveis por estado, que cada casa de leis tem direito, e a porcentagem mínima de votos para eleger um deputado. No estado de São Paulo, com as suas 70 vagas disponíveis na Câmara Federal, um candidato precisa, de aproximadamente, 1,43% dos votos válidos para se eleger. Já para deputado estadual, com 94 vagas em disputa, são necessários, aproximadamente, 1,06% dos votos válidos. Ou seja, embora disputem votos em um mesmo eleitorado, a vaga de deputado estadual é preenchida com uma quantidade menor de votos. Já em Roraima seria, aproximadamente, para deputado federal 12,5% dos votos válidos e para deputado estadual 4,17% dos votos válidos.

Os números mostram, portanto, que é mais difícil se eleger em Roraima do que em São Paulo.

Muito legal, mas e daí? Daí que se os estrategistas dos partidos escalarem seus candidatos a deputado federal e estadual olhando para as conclusões acima, certamente chegarão às melhores soluções para aumentar as suas bancadas.