Escritor da região fantasia a literatura juvenil

Em plena Era Cibernética, um literato aplica sua vocação na redação de contos e romances

Colaborou com o texto:
Dayane Gomes

Dêner Batista Lopes configura-se como um rapaz comum, que gosta de ir ao cinema e sair com os amigos, assim como muitas pessoas da sua idade. Entretanto, aos 21 anos, ele já lançou oito livros, um fato considerável e propiciado por sua mente criativa, sua persistência e seu amor por escrever. Atualmente, o mineiro, nascido em Coronel Fabriciano, mora em Pindamonhangaba e expõe sua juventude e seu entusiasmo literário ao produzir histórias fantasiosas, por vezes, reproduzindo contextos fantásticos inspirados em séries, filmes e histórias de superação de escritores. Sendo que, Dêner lê de 25 a 30 livros por ano, a trabalho ou para entretenimento pessoal, e essa paixão por leitura o motiva a ser editor, organizador e desenvolvedor de textos focados nos gêneros de ficção fantástica e ficção distópica, principalmente. Além do mais, o jovem publica antologias elaboradas com outros autores e tem vínculo com três editoras, sem contar com a Editora Villa Lobos, que ele próprio fundou. E, apesar de novato em um ramo pouco reconhecido no Vale do Paraíba, o “pindense naturalizado” sustenta a ideia de seguir carreira na literatura, que mergulha, cada vez mais, no cenário virtual contemporâneo.

Tribuna do Norte – Como você conseguiu lançar seu primeiro livro aos 18 anos de idade?
Dêner Batista Lopes – Eu assinei contrato com a Chiado, uma editora lá de Portugal. Eu fui pesquisando, até que a encontrei e “fui que fui”. A editora aceitou o livro, me ofereceu a proposta de publicação, a gente assinou o contrato, o livro foi impresso e de lá para cá comecei a publicar mais e mais.

TN – Quais são os títulos e os gêneros de cada uma de suas produções?
Dêner – Eu escrevi o livro “Cidades Mortas”, que é um romance distópico jovem adulto; o “Cidades Mortas: Aissur”, que é uma continuação e também é um romance distópico, só que adulto; o “Utopia – Contos Fantásticos” e o “Phantasia – Contos Fantásticos”, que são antologias de contos fantásticos; o “King Edgar Hotel”, que é um romance fics up, de antologias também, mas que se passa num mesmo universo; o “Além do Céu, Além da Terra”, que é uma antologia de poesias contemporâneas paulistas; o “31 Contos Assombrados”, que é sobre o Halloween e o “Um Céu e Estrelas”, uma antologia de contos de amor.

TN – Quais escritores brasileiros e estrangeiros são referências para você?
Dêner – Estrangeiros são a J. K. Rowling, o George R. R. Martin e mais autores jovem adultos. E eu tenho aqui no Brasil, como principais, o Raphael Montes e a Renata Ventura. Eles são autores que me inspiram bastante.

TN – De que modo a faixa etária dos autores pode caracterizar seus estilos de escrita?
Dêner – Isso é bem relativo. Eu conheço escritor que publicou livro com 14 anos, faz sucesso até hoje e já escreveu livro de terror, livro de romance. Mas, geralmente, autor jovem gosta mais de fantasia porque começa lendo fantasia, em sua maioria. Então eles buscam escrever sobre o que eles leem. Eu comecei assim, comecei escrevendo fantasia.

TN – Atualmente, qual o espaço disponível para jovens serem escritores reconhecidos no Vale do Paraíba?
Dêner – O espaço é grande, mas não aqui no Vale. Não há muito espaço para isso. Eu conheço bastantes autores daqui do Vale que escrevem, já publicaram e estão publicando em antologias minhas, mas eles são mais reconhecidos por amigos que moram em várias outras cidades do país. Aqui é diferente, não tem evento de grande porte, principalmente, em Pinda. Às vezes, tem alguns saraus em Taubaté, mas não são muito reconhecidos os eventos literários.

TN – Como as redes sociais podem ser favoráveis para a divulgação de trabalhos de novos escritores?
Dêner – De uma maneira absurda, porque hoje noventa por cento da divulgação de um autor contemporâneo é por meio da internet, das redes sociais e de tudo que envolva o meio eletrônico. Acho que é a forma mais fácil de divulgar.

TN – Quais aspectos tecnológicos atuais interferem negativamente nos desdobramentos da literatura?
Dêner – Não sei se algo possa interferir. Tem a pirataria, na verdade. Mas assim, pelo que eu conheço, muitos autores querem ser lidos e tem muitos que não gostam de ver os leitores lendo seu livro de modo pirata. Eu não me importo, mas tem gente que se importa bastante.

TN – Quais estratégias podem ser implantadas para incentivar a leitura nos dias de hoje?
Dêner – A melhor estratégia seria implantar literatura infantojuvenil, que vá agradar a maioria do público jovem, nas escolas. As escolas deveriam ter, pelo menos, a mínima noção de colocar livros da faixa etária dos jovens que estão estudando. Um “Crônicas de Nárnia”, um “Senhor dos Anéis”, um “Harry Potter”. Eu acho que seria a melhor maneira de abordar o tema da literatura e fazer as pessoas gostarem de ler.

TN – O que você almeja como escritor?
Dêner – Quando comecei a escrever, a única coisa que eu queria era publicar. E quando eu publiquei, a única coisa que eu queria era ser lido. Quando eu comecei a ser lido, a única coisa que eu queria era ganhar dinheiro com isso. E quando comecei a ganhar dinheiro com isso, a única coisa que eu queria era me tornar best-seller. Quando me tornei best-seller na Bienal do Livro, eu não quis mais nada, dei uma pausa na escrita e comecei a editar. Editar é uma coisa bem legal e o lucro é muito maior. Mas, o que almejo mesmo, agora, é voltar com tudo na escrita e conseguir ter meus livros traduzidos para o inglês e o espanhol.

  • O jovem autor esteve na Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, em 2017
  • Dêner expõe suas produções em eventos ligados à divulgação da literatura nacional
  • Dêner B. Lopes publicou oito livros de ficção fantástica e ficção distópica
  • O literato também trabalha como co-autor, organizador e editor de antologias