Vanguarda Literária : GUSTAVO TEIXEIRA: O POETA LÍRICO DE SÃO PEDRO

A antiga SÃO PEDRO DE PIRACICABA viu nascer em 1881, um dos mais cultos, enigmáticos e produtivos poetas da terra bandeirante: GUSTAVO TEIXEIRA. Possuidor de formação humanística invejável, introspectivo, avesso a homenagens, foi eleito à revelia, em 1937 para ocupar a vaga de Paulo Setúbal na Academia Paulista de Letras, onde não foi tomar posse. Arredio, avesso a solenidades, discursos, elogios que iriam ferir o seu retraimento e a sua modéstia, preferiu viver na sua S.Pedro até o fim dos seus dias, sóbrio, simples como a beleza, voltado para as letras, para o estudo, sem que isso tivesse o menor traço de misantropia. Festejado como poeta lírico pelos críticos da sua época, publicou obras monumentais: “Ementário” (elogiado livro de estreia em 1908), “Poemas líricos” (1925), “Último Evangelho” (1937) entre outras. Colaborador veterano do Correio Paulistano, esse homem-poeta enriqueceu a imprensa paulista com a beleza cativante dos seus versos. A sua terra natal, que tanto amou, foi-lhe extremamente grata: o principal logradouro da cidade tem o seu nome, e, sua memória perenizada em busto de bronze, contrariando o seu pessimismo:
Hão de deixar-me no Campo Santo,
Num abandono desolador,
Sem epitáfio, sem cruz, sem pranto,
Sem uma flor!
O grande vate passou a fazer da vida espiritual o sentido único da existência, vivendo isolado, mas,portando uma alma fraterna e humilde a São Francisco de Assis, cerrando os olhos para esse mundo aos 56 anos de idade, em 1937. GUSTAVO TEIXEIRA, o humanista e poeta parnasiano, trazia consigo uma paixão pela cultura grega e seus mitos, como notamos nesse soneto alexandrino, com forte teor pictórico, plástico e visual:

 

AS ESTÁTUAS

No jardim do castelo,em majestosa fila,
Quedam marmoreamente as estátuas radiantes;
O orvalho matinal, que, rútilo, cintila,
À cabeça lhes forma estemas de brilhantes.
São os filhos da Grécia heróica. Entre bacantes,
Sileno empunha a taça e Minerva, tranquila,
A Égide opõe a Amor, que as setas coruscantes
Da aljava arranca, sempre em vão, para ferí-la.

Riem ninfas gentis de olhos claros, serenos,
E cisma Apolo, o deus que em época remota
Dominou gerações e gerações de helenos!

E, Adônis, cujo olhar não há pincel que imite,
Conserva na pupila eternamente imota
A nostalgia azul dos tempos de Afrodite…

Eis um pouco de GUSTAVO TEIXEIRA, poeta de tantas faces, que cantou as flores, os heróis, os crepúsculos e as alvoradas!

  • Eleito à revelia, em 1937, para ocupar cadeira na Academia Paulista de Letras, não foi tomar posse