Vanguarda Literária : HOMEM X FILOSOFIA X TECNOLOGIA

Desde o século VI A.C. a filosofia passou a circunscrever o conhecimento da época com explicações consideradas racionais, visto que, em sendo a mesma expressão do exercício da razão , esta indagava a natureza e obtinha as possíveis respostas aos denominados problemas teóricos. E, assim permaneceu até o século XVI e, com o advento da ciência moderna, filosofia e ciência formavam um campo único, racional. No entanto, já no início da Era Moderna (séculos XVI e XVII) Descartes e Bacon, ambos filósofos, formularam o dito lema da técnica,demonstrado nas palavras de Descartes: ”Pela ciência e pela técnica o ser humano irá se converter em senhor e possuidor da natureza”, algo semelhante com o que Bacon e Foucault, mais recentemente nos dizem: ”Saber é Poder”.
Essa visão da técnica como instrumento ou mesmo um meio de poder, sabemos nós, foi adotada pelos filósofos iluministas do século XVIII que ligaram tal visão à ideia de progresso, ao papel libertador do conhecimento, ou seja: libertando o homem do obscurantismo da ignorância, transformando-o em racional e livre, fato que ainda conserva a sua razão de ser. Então, esse novo tipo de “homem tecnológico”, de qualquer forma, fala da ciência e da técnica a partir de um mesmo lugar e ponto de vista: o lugar é o homem e o ponto de vista é ele também; o parâmetro é a ciência e, a técnica instrumento e meio de poder. Aqui, temos a oportunidade de apreciar dois fatos interessantes, em primeiro lugar: os critérios de avaliação dos comportamentos humanos atualizados pela ciência passaram a substituir, aos poucos, os critérios fundados na religião e nos sistemas filosóficos; em segundo lugar, verificamos que, com a tecnologia e seus avanços, paradoxalmente aconteceu o contrário: o homem se afasta progressivamente da natureza. Perguntamos: onde fica a filosofia nessa tempestade toda, no seu papel importante de articulação cultural com os demais saberes? Onde fica o seu papel de articulação do indivíduo enquanto personagem social e o seu reconhecimento de identidade social e a compreensão crítica da relação homem-mundo?
Cremos que é de capital importância que se coloque bem claro que a dimensão filosófica do conhecimento não desapareceu com o desenvolvimento espetacular da razão científica. Ambas se desenvolveram de maneira espantosa no século XX. Transformaram a concepção de ciência! Isto graças ao fato de colocarem o instrumento da interpretação ou significação que os sujeitos atribuem aos seus atos. O homem é, ao mesmo tempo, sujeito e objeto do conhecimento! E, no momento histórico em que vivemos, no novo milênio, a nosso ver, a solução dos complexos problemas e desafios que vivemos, não podem ter como expectativa a solução de tantos problemas tão somente pelo viés da tecnologia. Há que se pensar no HOMEM, interpretando o significado das suas ações, colocando-o no centro (visão ANTROPOCÊNTRICA!!!) para onde devem convergir os efeitos do progresso.