“inspire-se”: O câncer não tirou minha esperança

No fim de 2016, eu estava deitada na cama e senti um caroço no seio. Foi quando conheci o câncer. Fui diagnosticada com um tumor maligno na mama.

O dia em que o médico me deu o resultado foi terrível! Eu chorei tanto que parecia que não teria mais lágrimas. Chorei por horas a fio, jogada na cama. A gente pensa que é o fim, que a vida acabou. Os pensamentos são de morte.

No fim do dia, Marcos, meu marido, chegou. Ele me abraçou, chorou um pouco comigo e depois me disse que tudo ficaria bem. Isso me acalmou. Senti paz e tive uma centelha de esperança.

Comecei imediatamente o tratamento. Fiz 16 sessões de quimioterapia. Depois fiz uma cirurgia de retirada da mama. Em seguida, 33 sessões de radioterapia.

Em 2018, quando estava terminando o tratamento, descobrimos uma metástase (metástase é a formação de uma nova lesão tumoral a partir da anterior). Desta vez foi ainda mais grave porque o tumor se alojou numa área sensível da cabeça. É inoperável.

Fiz mais 22 sessões de radioterapia na cabeça, mas não houve melhora. Em março deste ano, fui submetida a uma radiocirurgia. (Radiocirurgia estereotáxica é a aplicação de uma dose elevada de radiação a uma posição precisa no cérebro, com auxílio de um mapa tridimensional). Foi um momento muito tenso. Os amigos e familiares fizeram uma corrente de oração. Quando acordei, o Marcos segurava minha mão e eu senti que havia dado certo!

O Marcos é um presente de Deus pra mim. Moramos juntos há seis anos, ainda não temos filhos, mas somos muito felizes. No início, pensamos em nos casar, era um sonho, mas as coisas foram acontecendo naturalmente e o desejo da cerimônia de casamento ficou pra trás.

Logo após esse procedimento que fiz na cabeça, o Marcos sugeriu que fizéssemos um almoço para agradecer aos amigos que nos apoiaram. Cheguei para um churrasco de domingo, e estava tudo preparado para um noivado. Meu marido se ajoelhou, mostrou a aliança e me pediu em casamento!

E por que não? A doença trouxe de volta o desejo de celebrar nosso amor, de agradecer a Deus por termos nos encontrado e de reafirmarmos o que representamos um na vida do outro.

A cerimônia é toda significativa e simbólica. Tudo tem meu toque. Tudo o que eu sonhei está em cada detalhe. Um amigo de infância fez um turbante todo bordado a mão, para eu usar. Até isso é resultado da doença. Eu, que não era vaidosa, adoro turbantes coloridos, brincos grandes e lenços. Gosto de me maquiar, de conversar com as pessoas, de sorrir. E eu não era assim antes!

Hoje eu não reclamo da vida. Acho que tudo o que passei estava determinado e tem um propósito. Tento ver o lado bom, tento rir da situação, enxergar o que o câncer trouxe de bom pra mim. A história que poderia ser triste me conduziu para esse momento feliz.

Estou tão emocionada que choro o tempo todo! É incrível viver esse momento!
Ninguém deve perder a esperança, não importa a batalha que esteja lutando. O importante é acreditar em Deus e não desistir de lutar. Tem que levantar todo o dia e lutar. Sem parar. Sem jamais perder a fé!

Todos os dias eu agradeço a Nossa Senhora por me dar mais tempo. Agradeço pelo homem maravilhoso com quem divido a vida. Agradeço por ter passado por tudo o que passei. Por ter chegado até aqui e peço força para continuar, porque ainda faço quimioterapia a cada 21 dias. O caminho não acabou e eu sigo confiante e cheia de esperança. E muito bem acompanhada!

Meu nome é Flaviane, tenho 33 anos. Tenho câncer e me casei no último sábado (19). Esse foi o Inspire-se de hoje!

 

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