Lei Antifumo reduz mortes por infarto em 12% no Estado

Pesquisa desenvolvida pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor) mostrou uma redução de 12% nas mortes por infarto com a adoção da Lei Antifumo. A legislação aprovada no Estado de São Paulo em 2009 proíbe fumar em lugares fechados de uso coletivo. Uma norma semelhante com validade para todo o País foi aprovada em 2014.
O estudo feito pelo Incor, que é vinculado à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, indicou ainda uma queda de 5% nas internações hospitalares ligadas ao infarto. Para a análise dos dados do Sistema Único de Saúde, foi usado um modelo estatístico que leva em consideração a influência de outras variáveis, como temperatura e poluição, de modo a isolar os efeitos da lei.
Com isso, foi elaborada uma projeção de quantas mortes e internações por infarto seriam esperadas para o período. Nos primeiros 17 meses após a implantação da medida, o número de mortes por ataque cardíaco caiu 12% (equivalente a 571 casos em números absolutos) e de internações em hospitais, 5% (equivalente a 142 casos).
“A linha do previsto ficou acima do observado e não houve nenhuma outra variável dentro dessas que nós controlamos, que pudesse justificar essa mudança, a não ser essa relação temporal com a adoção da lei antifumo”, enfatiza a coordenadora da área de cardiologia do Programa de Tratamento do Tabagismo do Incor, Jaqueline Scholz Issa.

Fumo passivo
Para a especialista, a impossibilidade de fumar em locais fechados beneficia principalmente os não fumantes. Por isso, de acordo com Jaqueline, a redução significativa de ocorrências, uma vez que os não tabagistas são maioria na população. “Com certeza, por isso impacta tanto nos níveis. Nós estamos falando de fumo passivo de fato. É pela não contaminação do ambiente, que não está mais poluído”, destacou a cardiologista.
Os benefícios para a saúde pública das medidas que restringem o fumo em lugares de uso coletivo já haviam sido comprovados em escalas menores, segundo Issa. No entanto, outros pesquisadores enfrentaram obstáculos para isolar o impacto das normas em uma cidade tão grande como São Paulo. O resultado do estudo compõe o doutorado da cardiologista Tânia Ogawa.