Leitura e escrita: promovendo o pensamento crítico

“Professor, a profissão que forma todas as profissões”.
Esta máxima diz muito sobre essa profissão tão carregada de sabedoria. Um ofício que mescla técnica e sensibilidade. Aprendizado e empatia. Dedicação e orientação. Clareza e direcionamento. Disciplina e um pouco de “colo” – na maioria das vezes, no sentido figurado.
E se você, leitor, sabe a diferença entre o sentido próprio e o figurado das palavras é porque teve um professor que lhe ensinou o caminho da leitura e da escrita. Alguém que lhe apresentou os números. A pontuação. Os verbos e como empregá-los.
Dentro deste universo está o professor Diogo Fernando dos Santos, da escola municipal Professora Odete Corrêa Madureira, de Pindamonhangaba (SP). Em 2017, observando a sua turma do 5º ano do Ensino Fundamental I, o professor percebeu que os alunos tinham dificuldade em construir bons textos, apesar de terem um potencial elevado para a leitura. Foi então que o professor foi além da rotina curricular e criou o projeto “Quem Escreve Sou Eu”, unindo boas leituras, estimulando a escrita e, consequentemente, promovendo nos alunos a capacidade crítica.
A iniciativa cresceu e, além dos bons resultados da sala de aula, rendeu ao professor o prêmio Educador Nota 10. Sim! Diogo está entre o 10 Melhores Educadores do Brasil. Ele, que concorreu com mais de 5 mil participantes de 13 estados brasileiros, trouxe para a cidade a vitória.
“É um projeto de Língua Portuguesa, que aborda a leitura e a produção de texto, e teve início no primeiro bimestre deste ano, pegando o começo do segundo”, conta o professor. “Esta sala é muito potente, com alunos muito espertos. Oralmente eles respondem bem, fazem uma boa leitura dos textos, mas na hora da produção, tinham problemas na própria estrutura do texto. Eles não faziam uso da pontuação, e nem dos conectivos de coesão, não havia uma relação de causa e consequência, que dá toda a ordenação lógica ao texto. Quer dizer, eles falavam bastante, mas não escreviam tudo aquilo que tinham dito, respondido ou argumentado”.
Escrevendo
mais e melhor

Com técnica, criatividade e sensibilidade, Diogo encontrou uma solução: “Bom, eu tinha que pensar em algo que eles pudessem escrever mais e melhor. Só que para escrever melhor, eu tinha que trazer textos de qualidade. Dessa forma, os alunos se apropriariam dos recursos estilísticos usados pela escritora para escreverem suas próprias histórias. Quando eu digo apropriar, não é a mesma coisa que copiar, mas sim estudar sobre, conhecer mais”, ressaltou Diogo. “Eu trouxe o gênero conto para trabalhar com eles. Como instrumento mesmo, para atingir os meus objetivos. Então, escolhi os contos de Clarice Lispector e Sylvia Orthof para que eles pudessem olhar para dentro do texto e ver ‘o quê que ela escreveu tão bem que a consideramos uma boa escritora?’; ‘Por que ela colocou este ponto aqui?’; ‘Que sentido tem isso?’. Desse modo, trabalhamos o sentido. A forma como ela repetiu as palavras; como descreve os personagens; como ela começa e como termina o conto, por exemplo”.
Para o professor, “tanto a Clarice quanto a Sylvia tem uma escrita muito singular. Por isso, quando eu trouxe Clarice, não é pelo simples fato de ser Clarice. Não é colocar o autor na frente do texto, mas é colocar o texto primeiro e os alunos conseguirem observar a sua escrita. Porque eu queria desenvolver nos alunos o pensamento crítico”. E ele conseguiu. Bastam alguns minutos com seus alunos para perceber o quanto eles evoluíram. E a opinião é unânime: “foi um trabalho incrível e motivador”. A aluna Soraia Machado, disse que “as aulas do professor Diogo são bem legais. Ele explica direitinho e, caso a gente não entenda, ele explica de novo, tranquilamente”, afirmou. “Eu fiquei muito feliz. Eu pulei de alegria lá em casa quando soube do resultado do prêmio. Fiquei muito emocionada mesmo”, disse Laíssa Victória.

“Maravilhoso trabalho, Diogo! Sei de sua paixão por ensinar e por inovar na educação. Quero lhe dizer de minha admiração por você, por sua garra e por seu envolvimento com seu lindo trabalho. Orgulho ter você como amigo. O Brasil precisa muito de jovens como você.”

Professora Eduarda Leme
– Doutora em Educação

“A conquista desse reconhecimento em nossa rede municipal revela uma possibilidade de concretização da qualidade da educação pública com que sonhamos. Não tenho dúvidas de que temos muitos educadores nota dez em nossa rede, a quem esse reconh ecimento inspira!”

Professor Júlio Valle
– Secretário de Educação e Cultura de Pinda

“Conheço o Diogo desde 2001, quando fiquei readaptada por alguns meses na biblioteca de Moreira César. Naquela época, ele era um adolescente que frequentava a biblioteca semanalmente emprestando livros, em sua maioria, clássicos. E eu admirava um jovem com tanto interesse em leitura. No ano passado, trabalhei com ele e minha admiração só aumentou em perceber o quanto ele é dedicado. O gosto pela leitura faz com que ele se preocupe em incentivar seus alunos, num mundo tão digital, a gostar de ler. Sou fã da pessoa carinhosa e do profissional em excelência. Prêmio mais que merecido”.

Professora Mara Leonel
– Escola Municipal Manoel César Ribeiro