Vanguarda Literária : LINGUAGEM E METALINGUÍSTICA

Todos nós sabemos que as mensagens desvelam significações extremamente diversificadas, demonstrando, no seu efeito, o seu modo de funcionar.
No processo de comunicação sempre existe o emissor que remete a mensagem, um receptor, um código (linguagem poética, pictórica, por exemplo), o transporte (ou canal, que, na poesia é a palavra) e um contexto (em que se revela o que é transmitido, ou a intencionalidade da comunicação).
Torna-se importante e necessário entender que, as mensagens não são só verbais, pois o corpo fala, a pintura imprime, a fotografia flagra, o cinema movimenta, e teatro encena o verbal, despertando todos, portanto, emoções e respostas. Dessa maneira, a estrutura da mensagem está em função do fator ao qual se inclina, daí entender-se que a estrutura da Música é diferente da Arquitetura e da Poesia.
Nas funções a que se destinam, os diversos tipos de linguagem adotam os seus códigos para a sua compreensão, entendidos como um sistema de símbolos com significação convencional para representar a mensagem a ser veiculada do emissor para o receptor.
Uma língua é um código, pressupõe certo desenvolvimento, uma história entre o individual e o social, como o é a pintura, onde vemos que cada novo quadro incorpora técnica, criação, originalidade, enfim, informações originais no seu “modus comunicandi”.
A Poesia, só para exemplificar, é uma forma muito especial de linguagem, pois, esta recebe sua forma de poema, e, de um modo, dele torna-se expressão poética, com seu processo criativo, através do uso da palavra, transmitindo assim uma mensagem para o receptor.
Entretanto, quando o Poeta, com a sua originalidade, empreende um esforço no sentido de parodiar o dito, o redito, enfim, traz a semântica do código POESIA, entra no terreno da metalinguística, ou seja: vai mais além (meta=além, na língua grega) do sentido conotativo da palavra. Há um sentido de HISTÓRIA. Há uma possibilidade à recriação.
E, muitas vezes, apreciamos o uso cotidiano da metalinguística, quando o emissor e o receptor necessitam verificar se usam o mesmo código. Quando o meu interlocutor me diz: “Não compreendi o que você quer dizer”, está automáticamente fazendo-me um convite a um exercício de reflexão, de usar outra palavra para tornar o tema da conversa mais compreensível.
Quando um crítico literário encontra-se ante um texto (seu objeto de reflexão), recupera-o nas relações de significância, está fazendo um exercício de metalinguagem. Houve uma recriação, uma mensagem além da mensagem do autor. Parece ser complicado.
Só para clarear um pouco o tema: a moda tem como objeto a roupa
(é um sistema de sinal, com uma mensagem, um código, combina o decote com a altura da saia, transmite sensualidade etc.), e também tem um importante papel histórico: recupera o tempo, fala do tempo, e o reinterpreta, pois, “estar na moda” é tempo presente, e “esteve na moda” é tempo passado. Dessa maneira, a moda fala da moda (a minissaia hoje, remonta os vestidos curtos franjados dos anos 20). No sentido metalinguístico, ao se alimentar do seu próprio material (a moda) ela lidou com o ritmo do tempo.
E, é isso o que faz a metalinguagem, seja na Poesia, na Pintura, na Arquitetura, enfim, nas diversas formas de comunicação humana.