Nossa Terra Nossa Gente : LUZ, CÂMERA, AÇÃO! EM CENA, ANA MARIA GUIMARÃES IADELUCA

Existem caminhos dentro da gente que só a nossa história pode percorrer. Entretanto, Ana Maria Guimarães Iadeluca generosamente estendeu-me a mão e me convidou a conhecer episódios de sua infância e juventude vividos na Pindamonhangaba dos anos de 1950-60, os sonhos e as conquistas da jovem determinada que sempre lutou por seus ideais e da mulher que viveu intensamente as quatro estações de um grande amor com o cineasta italiano Mario Iadeluca, com quem se casou aos 19 anos, tornando-se mãe de Angel (sua enteada), Mário, Alessandro, Flávia e Fábio.
Do seu tempo de menina, guarda memórias afetivas das casas em que residiu em Pindamonhangaba; das aulas de piano com as irmãs da Casa Pia; da água cristalina do chafariz do Padre Tobias; do pomar de sua casa na Rua São João Bosco, 118; da escolinha de roça em que estudou quando seus pais mudaram-se para o Bom Sucesso; das viagens de bondinho para finalizar o primário no ‘Pujol’; dos colegas e professores do ‘João Gomes de Araújo’ e da ‘Escola de Comércio’; das peças de teatro encenadas no Teatro Estudantil Pindamonhangabense (fundado por seu irmão, Oto Guimarães); de suas participações no programa ‘A voz da Poesia’ da Rádio Difusora; dos desfiles que consagraram sua beleza nas passarelas da Princesa do Norte; dos primeiros flertes; do dia em que conheceu ‘Mazza’, Amácio Mazzaropi, cineasta que reconheceu o seu talento artístico e abriu-lhe as portas da dramaturgia com o papel feminino principal do filme ‘O Lamparina’, sucesso de público em 1964.
Em São Paulo, viveu quatro décadas de sua vida, tornou-se publicitária, adentrou a seara do marketing, produziu inúmeros comerciais para emissoras de TV, conquistou o respeito do mercado e transformou o seu ofício num bem maior, de criação e arte, de realização profissional e superação de limitações de verba e tempo.
Em nossas conversas via telefone, em muitos momentos tive a impressão de que Ana Maria exibia para mim uma sessão especial do filme de sua vida e, a cada cena revisitada, eu me deixava enredar mais e mais pelo talento e pela força motriz dessa mulher – atriz, mãe, publicitária, produtora de filmes, administradora de empresa, esteticista, terapeuta holística, poeta, escritora e artista plástica.
Ao retornar, em 2006, para Pindamonhangaba, ela trouxe na bagagem propósitos superiores: dispor tudo o que a vida lhe havia concedido em prol de um trabalho voluntário na cidade que, em 1885, acolheu seus avós portugueses – o pianista, poeta, político, corretor de imóveis e comerciante Luiz Francisco Correia Guimarães e a esposa Rosa Paschoal.
Os Guimarães aqui se estabeleceram como árvore frondosa, e Ana Maria, seus pais e irmãos, seus tios e primos, filhos e sobrinhos mantêm viva a seiva dessa ancestralidade. Pelo visto, Ana Maria herdou do avô paterno essa multiplicidade de talentos artísticos e administrativos. Essa gama variada de competências ela também carrega em seu próprio nome: Ana, do hebraico, significa graça, clemência, mercê; Maria é senhora, excelsa, sublime.
Pois é com essa graça que Ana Maria vai conquistando novos amigos e companheiros de jornada junto aos projetos sociais que ela tem realizado em nosso município: Mães à obra, Academia Pindamonhangabense de Letras e Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Cultural, Ambiental e Arquitetônico de Pindamonhangaba. Em cada um deles, ela sempre oferta o que tem de melhor em si: sua sutil grandeza de espírito, própria daqueles que conheceram a luz da ribalta e nunca permitiram que ela ofuscasse a sua própria luz. Assim, Ana Maria compartilha seus talentos sendo intensamente ela mesma e dedicando seus dias à preservação do patrimônio histórico e cultural da cidade-palco de sua infância e juventude e, por ora, dos seus sonhos.
Sonhos? Muitos! Acalentados e guardados a sete chaves no ‘lado esquerdo do peito’, como os amigos, os filhos, os netos, o bisneto Braxton, um estúdio de cinema a ser instalado no município, um livro infantil e outro de memórias.
Luz, câmera, ação! No set de filmagem, a atriz Ana Maria Guimarães Iadeluca. Em cena, a Presidente da Academia Pindamonhangabense de Letras e suas metas para 2021: sessões virtuais mensais, a Antologia da APL, a criação da Academia Jovem e o trabalho literário nas escolas. Contracenando com ela mesma, a Presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Cultural, Ambiental e Arquitetônico de Pindamonhangaba e seus novos projetos: o tombamento da Estrada de Ferro Campos do Jordão, o andamento dos projetos de restauração da Igreja de São José, da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bonsucesso e da Capela de Santana. Ainda no set de filmagem, a autora do livro ‘Mulher’, a escritora membro da União Brasileira de Escritores e da Associação de Jornalistas e Escritores do Brasil e, também, as outras ‘Anas Marias’ que a atriz interpreta no palco de sua vida.
As próximas cenas da história dessa mulher extraordinária, prometo contar futuramente a vocês. Aos que desejarem dar uma bisbilhotada nos próximos episódios, segue o Facebook da nossa estrela: https://www.facebook.com/anamaria.guimaraesiadeluca.

  • Créditos da imagem: Arquivo Pessoal