Mês das Mães: Quando nasce a maternidade

Não há dúvidas de que a gravidez é um momento especial. A mulher sonha com o filho que está a caminho, emociona-se quando escuta o ‘coraçãozinho’ dele batendo pela primeira vez, tem a deliciosa missão de montar o enxoval, preparar o chá de bebê. Mas em qual momento aflora o amor de mãe? A partir de quando aquela mulher sente-se responsável e passa a amar incondicionalmente a criança? É quando escuta o ‘coraçãozinho’ batendo? É no momento do primeiro chute do bebê dentro do útero? Ou o amor vem na hora do parto?
Na verdade, não importa a hora. Fato é que a gestação é um processo de amadurecimento, não só do feto que se tornará uma criança, mas também da mulher que se torna mãe.
Como quase todos os processos, nem tudo são flores. Para a maioria das mulheres, a gravidez e a nova maternidade são uma alegria – pelo menos parte do tempo. Mas a maioria das mães também experimenta preocupação, desapontamento, culpa, competição, frustração e até raiva e medo.
Dar à luz à nova identidade materna pode ser tão exigente quanto dar à luz ao bebê. Tornar-se uma mãe é uma mudança de identidade, e uma das mudanças físicas e psicológicas mais significativas que uma mulher irá experimentar.

Cada gravidez parece a primeira vez

Andresa Rodrigues já é mãe de duas crianças: Leonardo, de 10 anos; e Maria Clara, de 4 anos. Há cerca de 10 dias foi surpreendida com uma nova gestação, desta vez não-planejada.
Após sentir alguns sintomas característicos, ela resolveu fazer um teste de farmácia e o resultado positivo para gravidez foi um susto. “Chorei muito. Foi uma mistura de emoções. Alegria, medo, pavor. Mas quando me acalmei, fui inundada por uma grande felicidade”, conta ela.
As mesmas sensações foram partilhadas com o marido André. “O primeiro comentário dele foi: Vou ter que trabalhar mais ainda!”, diverte-se ela.
Com aproximadamente um mês de gestação, Andresa voltou a sentir os enjôos e oscilações de humor que acompanharam as outras duas gestações anteriores. “Tudo fica grande de novo, a gente não se acostuma, não espera. Tudo parece novo de novo”, garante ela.
Para Andresa, o amor de mãe nasce exatamente na hora da descoberta que há um ser em desenvolvimento dentro da barriga. “No mesmo momento gira a chave e começamos a viver em função do desenvolvimento daquela criança. Nosso papel principal passa a ser a de guardiã, cuidadora e mãe daquele bebê. É automático, não tem como explicar”, ressalta ela.
E como a maioria das mães, Andresa agora se desdobra para dar conta da gravidez e também de administrar a novidade com os dois outros filhos. “Claro que eles ficam enciumados, mas tento todos os dias mostrar para eles que o amor da mamãe pode ser multiplicado e nunca vai diminuir. Com o tempo, eles vão assimilando”, destaca a nova versão de mãe que floresce em Andresa.

Gestação que cura feridas

Elda Estevam de Jesus tem 35 anos. Mãe de três filhos, há cinco anos ela sofreu um grave acidente. Foi atropelada e arrastada por um carro por cerca de 800 metros. Além de sofrer sequelas em vários órgãos, ela ganhou um grande ferimento na barriga. “Depois do acidente, era difícil olhar para minha barriga e me imaginar grávida de novo, então isso não passava mais pela minha cabeça”, afirma ela.
Mas Elda foi surpreendida, no início do ano, com a notícia da quarta gravidez. “Foi um grande susto! Eu já estava grávida de oito semanas quando soube e foi uma alegria sem explicação”, conta ela.
Daquele momento em diante, Elda teve vários outros sustos, alguns preocupantes, como uma ameaça de aborto espontâneo que a obrigou, aos três meses de gestação, a se licenciar do trabalho e fazer repouso absoluto. “Para qualquer mulher ativa, principalmente mãe de três filhos, é muito difícil adotar esse ‘repouso absoluto’. Só consegui porque pensava que disso dependia a vida do meu bebê”, destaca ela.
Sim! Para Elda, desde aquele primeiro susto, o amor pela criança em seu ventre foi incondicional. “Quando sabemos que tem uma criança dentro da gente, que depende da gente para crescer e nascer, fazemos de tudo pelo bem dela. Ela se torna o centro da nossa vida!”
Hoje, completando quase oito meses de gestação da pequena Melissa, que deve nascer em breve, Elda voltou a olhar para a própria barriga, agora enorme, com os olhos brilhando. “Meu bebê curou minhas cicatrizes. Minha barriga não carrega mais só as marcas de um trauma. Ela carrega uma criança. Carrega amor e esperança”, emociona-se a mamãe coruja da Melissa.