“Mestre da Cultura Viva”: Eles gostam é de folia

Mais um ‘Mestre Cultura Viva’ fala sobre seu legado para a cultura popular pindense

“O galo cantou no Oriente ai, ai, ai, ai
Surgiu a estrela da guia
Anunciando a humanidade
Que o menino Deus nascia
(…) Venha ver o Deus Menino
Como está todo molhado
Os três reis a seu lado
Deus lhe pague a bela oferta
Que vos deu com alegria
O Divino Santo Reis
São José, Santa Maria
Há de ser a vossa guia ai, ai…”

Reizado – Pena Branca e Xavantinho

Mestre. Contramestre. Palhaço. Foliões. Roupas coloridas. Versos de improviso. Sanfona. Tambor. Danças e malabarismos. Esposa. Filhos. Noras. Genros. Netos e toda vizinhança.
Há cerca de 20 anos, na casa do senhor Pedro Prado, no bairro Vista Alegre, em Pindamonhangaba, o “Dia de Folia de Reis” é dia de festança. É dia de manifestações culturais e de muita celebração.
“Aqui não falta comida, alegria e muita festa”, conta ele, orgulhoso de manter a tradição – que vem do seu finado pai, que provavelmente trouxe do seu avó, que herdou de gerações passadas – e assim perpetuam uma das mais figurativas festas do folclore brasileiro.
Na casa do senhor Pedro, as atividades são coordenadas por sua esposa, a dona Benedita do Prado, que também é responsável por recolher as doações para o almoço que eles fazem todo dia 6 de janeiro: ‘Dia de Reis’.
“Já está quase na hora de eu sair pelas casas pedindo prendas… São alimentos que a gente arrecada para fazer o almoço no dia de Reis”, conta dona Benedita. “Mas vem tanta gente, mas tanta gente, que às vezes faltam lugar para sentar. E olha que alugamos cadeiras, pegamos as de casa, as dos vizinhos e de quem mais quiser ajudar. No final, todo mundo se alimenta e alguns até levam pra casa… O importante é todos saírem felizes satisfeitos”.
Ao lado dos filhos, ao todo eles tiveram 11, o casal conta que já participou de festas e de apresentações em diversas cidades e até fora do estado de São Paulo, levando alegria, fé, devoção e o estandarte customizado por dona Benedita. “Além da bandeira, eu faço as camisas também, mas estas aqui nós ganhamos em um projeto que participamos com a professora Marília e com o Kiko”, comentou dona Benedita, completando que admira muito que jovens tenham interesse nesse tipo de atividade cultural.
“Hoje em dia, poucas pessoas dão valor à folia. Mas aqui em casa, enquanto eu viver, eu não vou deixar essa tradição se acabar”, reforçou o senhor Pedro, que fez questão de dizer que a maioria das músicas é composta também por eles. “Aqui todo mundo é artista. Todo mundo é compositor”, brincou.
A gente acredita, senhor Pedro! Que sua família continue a celebrar o nascimento e o renascimento, levando alegria às ruas, às casas e aos eventos que insistem em manter viva essa importante tradição.

Celebrada em diversas regiões do País, sendo mais forte nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás, a “Folia de Reis”, tem origem em uma tradição cristã que busca celebrar a visita dos três Reis Magos (Gaspar, Melchior ou Belchior e Baltazar) ao Menino Jesus. Alguns locais também conhecem a data como “Reisado” ou “Festa de Santos Reis”.