Nossa Terra Nossa Gente : NO CORAÇÃO DE PINDAMONHANGABA, O JARDIM BOTÂNICO DE MARIA CERES MERLY SALLES

No coração de Pindamonhangaba, mais precisamente na Rua Bicudo Leme, está salvaguardado um dos maiores patrimônios imateriais de nossa Princesa do Norte: o Jardim Botânico da residência dos Salles. A copa das árvores centenárias ultrapassa o telhado do belíssimo sobrado, adquirido em 1932 pelo imigrante libanês Hana Salh (no Brasil, João Salles) quando este uniu-se pelos laços do matrimônio com Maria Olga Merly.
Entre as espécies encontradas no quintal da casa, o pé de camélia branca recebeu as maiores honras: suas flores ornamentaram o buquê de sua noiva e, seguindo uma antiga tradição de nossos antepassados, o umbigo dos cinco filhos do casal – Helena, João Laerte, Eduardo Jorge, Leila e Maria Ceres – foram enterrados entre suas raízes.
Atualmente, Maria Ceres Merly Salles dá continuidade ao cuidado de seus pais e preserva esse santuário como se cultivasse um jardim sagrado. Entre suas árvores, curvo-me diante da realeza das palmeiras imperiais, do pau-brasil e do jequitibá. Esse último, nascido entre as palmeiras, disputa um lugar ao sol e a disposição de seus galhos, torna-o semelhante a um louva-a-deus gigante.
Sob a majestosa copada central, espécies frutíferas enriquecem o cenário: jabuticabeiras, pitangueiras, mangueiras, bananeiras, goiabeiras, cajuzeiro, jambolão,araucárias; e, também, espécies de menor porte, como cravo-da-índia, pimenta-do-reino, guaco, mirra, incenso, murta, mosqueta, renda-portuguesa, flor-de-cera, manacá-do-mato, bromélias, orquídeas, buchinhos, antúrios, gramíneas e plantas medicinais.
Ao percorrer os passeios deste magnífico jardim botânico somos conduzidos ao céu pelas abençoadas mãos de Ceres que nele projetaram praças em louvor a Santo Antônio, São Francisco e São João Batista. Em cada uma delas, a devoção cristã que os muros de taipa batido que delimitam esse éden não saberiam, por si só, expressar: uma estrela do Oriente brilha noite e dia na morada espiritual dos Salles!
Sobreviventes únicas num dos mais cobiçados espaços imobiliários do centro da cidade, esta coleção de árvores teve o privilégio de terem sido reconhecidas pelos irmãos Salles como o bem mais precioso herdado de seus pais!Nossa terra e nossa gente agradece a cada um deles e, de modo especial, a Ceres, essa historiadora que faz jus ao seu nome de batismo (da mitologia grega, deusa da colheita e da germinação), por respeitar e proteger este palácio verde, pulmão vivo desta “terra fecunda do saber e da aptidão”. Para você, Ceres, a mais bela camélia do jardim do Senhor!

Imagens: Divulgação