História : Notas sensacionalistas que vinham de longe

A Tribuna das primeiras décadas do século passado também aproveitava em suas páginas notas interessantes e curiosas vindas de outros países

História desta edição traz de volta artigos que impressionaram os leitores do jornal Tribuna do Norte, motivando os comentários dos leitores nas rodinhas da praça, nos bares, nas repartições públicas, nos lares etc…

Leilão do espólio de “Barba Azul”

A nota de hoje se refere ao “Barba Azul”, não ao personagem do conto de Charles Perrault, destacado escritor francês de grandes temas infantis (Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, A Bela Adormecida etc.), mas ao francês Henri Désiré Landru. Assim alcunhado devido ao seu procedimentode conquistador lembrando o aventureiro italiano Casanova, só que do crime. Landru atraia as mulheres com promessas de matrimônio, as matava e ficava com seus bens. Infelizmente, nos dias atuais vemos ocorrer esse tipo de crime, tendo como vítimas pessoas ingênuas e carentes que contatam perfis falsos nas redes sociais.
A notícia (vinda de Paris, via correio), segundo a Tribuna,edição de 25/1/1925, divulgava como fora o leilão do espólio de Landru, o famoso “Barba Azul de Gambais”.
A venda pública mediante pregão de leiloeiro foi realizada pela Corte de Versalhes. Constava de lembranças (roupas e pequenos objetos) relacionadas às mulheres que ele havia assassinado.
O leilão, apesar de haver atraído grande multidão, teria rendido pouco dinheiro, “Uma cabeleira de mulher, capaz de despertar a imaginação dos mais frios, não deu, ao correr do martelo, mais do que algumas dezenas de francos”, destacava a Tribuna.
Conforme o artigo publicado:“Landru foi, como se sabe, guilhotinado pelo assassínio de onze mulheres que enganava com promessas de matrimônio e eliminava depois, queimando os seus restos num fogão de cozinha na vila Gambais”.
Sobre o objetivo do matador em série, revelava: “…segundo ficou mais ou menos verificado, era roubar as suas vítimas, vendendo o que elas possuíam. Nas provas dos autos do seu ruidoso processo, constavam as joias, mobílias e vestidos identificados como tendo pertencido às mulheres que cairam em suas garras”.
Os “macabros objetos”, obtidos por “Barba Azul” durante sua vida criminosa, oferecidos no leilão: “Eram guardas roupas, mesas, cadeiras, vestidos, roupas brancas e a cabeleira supracitada. Uma espingarda de caça deu duzentos francos”. Entretanto, o interesse maior do povo não era pra adquirir alguma coisa do que era leiloado: “…a multidão que encheu o tribunal mostrava grande interesse em ver os artigos, mas a renda realizada não foi além de 2000 francos”.
A notícia do leilão foi concluída com o seguinte destaque: “Uma irmã de madame Fernand Segret, uma das supostas vítimas de Landru, reclamou as joias que tinham sido ofertadas a essa senhora pelo criminoso e o juiz mandou que fossem retiradas do acervo do leilão”.