Vanguarda Literária : O ETERNO GUILHERME DE ALMEIDA

Guilherme de Almeida, nascido em Campinas-S.P no ano de 1890, Poeta, Advogado, Jornalista, Crítico de Cinema, Tradutor, foi um dos organizadores da Semana de Arte Moderna ( 1922) e fundador da Revista Klaxon que divulgava Poesias Modernistas .Pertenceu a várias entidades literárias brasileiras entre elas :à Academia Paulista de Letras e à Academia Brasileira de Letras. Foi coroado como Príncipe dos Poetas Brasileiros, sendo o quarto depois de Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Olegário Mariano. Na sua vida pública merece destaque a sua participação como combatente da Revolução Constitucionalista de 1932,sendo proclamado o Poeta da Revolução de 32.O Poema que escreveu:” Oração ante a Última Trincheira” é simplesmente emocionante e pungente. Faleceu em 1969 estando sepultado no Mausoléu do Soldado Constitucionalista de 1932, no Parque Ibirapuera .Esse extraordinário escritor nos legou mais de três dezenas de obras entre livros de versos, crônicas, peças de teatro e livros infantis, entre as quais destacamos: “ Nós”-(1917), “ A dança da horas” ( 1919), “Messidor” (1919), “Raça”(1925),” Acaso”(1938),” Camoniana”(1936),” Rua” ( 1961) além de várias traduções, principalmente de autores franceses.
Como crítico de Cinema destacava qualidades, criticava dublagens, percebia potencial onde outros falhavam. Tinha uma visão perspicaz, haja vista a comentada crítica que fez do clássico Cidadão Kane, de grande repercussão na época.
É muito importante observar-se o fato de que Guilherme de Almeida foi considerado no conjunto de sua obra, como Poeta, parnasiano, simbolista e modernista o que demonstra a sua grande versatilidade. Isso podemos notar no seu livro de crônicas “ O meu Portugal”(1933) em que tece comparações formidáveis entre o homem paulista e o europeu ocidental,exaltando as qualidades de seus contemporâneos. Como é gratificante admirar os sonetos incomparáveis desse artista do verso sempre explorando recursos da nossa língua (aliterações, assonâncias, etc) mostrando domínio nos processos verbais e rítmicos!Vejamos este belo soneto lírico:

ESSA QUE EU HEI DE AMAR

Essa que eu hei de amar perdidamente um dia,
será tão loura e vagarosa e bela,
que eu pensarei que é o sol que vem, pela janela,
trazer luz e calor a esta alma escura e fria !

E quando ela passar, tudo o que eu não sentia
da vida há de acordar no coração que vela
e ela será como o sol, e eu irei atrás dela
como sombra feliz …Tudo isso me dizia,

quando alguém me chamou. Olhei um vulto louro,
e claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro
do poente, me dizia adeus, como um sol triste…

E falou-me de longe:” Eu passei ao teu lado,
mas ias tão perdido em teu sonho dourado
meu pobre sonhador, que nem sequer me viste !
Eis , em rápidas pinceladas, um pouco desse formidável Poeta que honra a nossa Literatura!