Vanguarda Literária : O MOVIMENTO CONCRETISTA NO BRASIL

Em 1956, em São Paulo, ao ensejo da Exposição Nacional de Arte Concreta, (No Museu de Arte Moderna) era lançado o CONCRETISMO, possivelmente o mais controverso movimento da Poesia de Vanguarda no Brasil.

O que significava esse movimento? Representava uma reação ‘a produção poética da “Geração de 45”. Essa corrente literária foi liderada pelos paulistas Décio Pignatari (1927), Haroldo de Campos (1929) e Augusto de Campos (1931), todos paulistas, em busca de uma nova experimentação poética (planificada e racionalizada). Quais eram os seus princípios? Delineamos alguns deles:

1- A abolição do verso tradicional dando origem a uma poesia concreta feita quase de substantivos e verbos, abolindo os denominados laços sintáticos; conjunções, preposições, etc;
2- Adoção de uma linguagem sintética dinâmica, visando comunicação mais rápida, necessidade de movimento;
3- Valorização da palavra solta com sua carga sonora, visual e semântica;
4- Utilização de neologismos e estrangeirismos;
Assim, o Poema se transforma em objeto visual dando grande importância ao espaço gráfico: uso de recursos tipográficos, espaços brancos com o objetivo de fazer com que o mesmo fosse visto e lido.Em suma: valorização da palavra em suas dimensões espaciais, semânticas, tipográficas e fonéticas.Para os Concretistas a Poesia se aproxima tanto da música quanto das artes plásticas.Vejamos o jogo verbal desse Poema de Haroldo de Campos:
De sol a sol
soldado
De sal a sal
salgado
De sova a sova
sovado
De suco a suco
sugado
De sono a sono
sonado
De sangue a sangue
Sangrando”.

HAROLDO DE CAMPOS foi um dos mais importantes Poetas Concretistas brasileiros de projeção internacional. Autor de mais de 30 livros, entre eles:” Servidão de Passagem(1962).”Galáxias”(1976),”Ideograma”(1994). Lecionou Literatura Brasileira em Stuttgart( Alemanha) onde estreitou laços com Poetas e filósofos Alemães, escrevendo ensaios sobre Kurt Schwiters( 1887-1948), um dos pioneiros da poesia sonora.Um dos aspectos mais importantes da obra de Haroldo dos Campos foi o seu trabalho como tradutor. Traduziu de Goethe ( alemão) a Ezra Pound( inglês), de Maiakowski (russo) a Octávio Paz (espanhol) de Mallarmé (francês) a Dante (italiano). Para ele, traduzir não era transportar o texto de um idioma para outro. Era recriar o texto,restituir sua estrutura original em outro idioma, ou seja: adotar um processo de “transcriação”.Foi para a dimensão espiritual em 2003, legando-nos um universo infinito de Poemas. Afirmamos que ele “ Trans-humanizou” a nossa literatura. Que jamais seja esquecido nesse país, em que jogador de futebol é celebridade,cultuado valorizado ao extremo, e, os professores, que preparam as gerações, em especial, são desvalorizados e desprezados. Que futuro podemos esperar para o Brasil?