Lembranças Literárias : O sino

Ontem, à tarde, o sino lá da ermida
anunciava com suas gargalhadas,
que Inês, trazendo flores perfumadas,
estava aos pés do altar agradecida…

Hoje, esse mesmo bronze, em prolongadas
notas, nos diz que Inês, na flor da vida,
veio então dar-lhe o adeus da despedida
num caixão, entre rosas orvalhadas.

Ó sino que tanges alegremente,
quebrando a quietação do azul etéreo,
cessai, deixai essa canção dolente,

Pois o vosso dobrar é mui funéreo:
– Ora anuncia o despertar de um ente,
ora o conduz extinto ao cemitério.

Juvenal Ventania,
Tribuna do Norte, novembro de 1922

  • Créditos da imagem: diariodosertão.com.br