Proseando : OS BICHOS DANÇARINOS

Aos domingos, íamos à casa da vovó materna onde, depois do café da tarde, nos reuníamos na sala de estar para ouvirmos reminiscências. Ainda me lembro, muito bem, quando ela contou:
– Eu era menina. O circo apareceu na cidade desfilando carretas, trailers e, numa pequena jaula, o agitado filhote de gorila. Soube depois que era um anão fantasiado. Sobre uma das carretas, o casal de contorcionistas se exibia e gritava o nome do circo. Assim que fincaram estacas e levantaram a lona, palhaços saíram pelas ruas anunciando que, quem decifrasse os enigmas do dono do circo, ganharia ingressos.
– Enigmas? Quais eram os enigmas, vó? – Questionei.
– Foi o que perguntei ao palhaço gorducho, dentuço e desengonçado. Ele me olhou com olhos de peixe morto, enfiou a mão no bolso e tirou um fruto.
– Fruto? Qual fruto, vó? – Quis saber minha irmã caçula.
– Banana.
– Banana? – Admirou-se meu pai.
Vovó continuou:
– Perguntei se a banana estava relacionada aos enigmas. Ele disse que não; que o fruto era sobremesa do macaco… hidráulico, e riu. Em seguida, enfiou a mão noutro bolso e retirou um objeto.
– Qual objeto? – Questionamos ao mesmo tempo.
– Borrifador de água. Perguntei, novamente, se era uma pista sobre os enigmas. Ele disse: “Não, não. Isso faz parte do espetáculo. Quer ver como funciona?”. Direcionou o borrifador na direção de meu rosto e apertou. Fechei os olhos esperando o banho, que não aconteceu.
– Que sorte, mamãe!
– Pois é, filha. Ele disse: “Entupiu outra vez. Me ajuda a consertar?” Analisei o borrifador, girei a tampa emperrada, mirei no rosto do palhaço e apertei. Adivinhe o que aconteceu?
– Chuáááá! O palhaço se molhou – Concluiu minha outra irmã.
Vovó gargalhou tão escandalosamente, que a dentadura escapuliu e foi se esconder debaixo da mesa. Sem se importar, prosseguiu com a boca murcha:
– Chamei o palhaço de bocó e disse que duvidava da existência de enigmas que oferecessem ingressos. Com as mãos espalmadas me pediu calma. Em seguida, vasculhou bolsos do casaco até encontrar cartõezinhos com o nome do circo. Neles estavam escritos os enigmas.
– E quais eram os enigmas? Conta logo, vó. – Insisti.
– Mais ou menos assim:
“Dos animais bailarinos, três fugiram. Descubra quem são os fujões e ganhe ingressos para o espetáculo de estreia. As pistas são:
1 – Na quarta nota musical o animal rodopia.
2 – O leão dormindo no colchão do quarto.
3 – Animal que adora Carlos Gardel, mais gíria de comida.”
E, enquanto tentávamos resolver os enigmas, vovó concluiu:
– Ganhei os ingressos.

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Aproveito o ensejo para desejar-lhes boas festas. Deus abençoe vocês!