Vanguarda Literária : OS GREGOS E A EDUCAÇÃO

KANT (filósofo alemão do século passado,autor de “Crítica da Razão Pura” e “Crítica do Juízo”) afirmou que “A Educação é o processo pelo qual o homem chega a ser homem e nela está o grande segredo da natureza humana.Encanta imaginar que a natureza humana se desenvolverá cada vez melhor por meio da educação e que isso pode se dar numa forma adequada para a humanidade.Este fato nos leva a descobrir a perspectiva de uma espécie humana mais feliz no futuro”. Aqui,surge a grande indagação: será que a Educação sempre foi pensada dessa maneira desde os seus primórdios?

PLATÃO (filósofo grego que viveu no século IV antes de Cristo (A.C.), discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles, cuja filosofia tem como método a dialética, e por coroamento a teoria das idéias) considerava a Educação como o desenvolvimento das capacidades, tendo em vista o lugar exclusivo que o indivíduo irá ocupar na sociedade. No livro II de “A República”ele afirma: “O homem se associa por ter necessidade social originada da impotência de bastar-se a si mesmo e a necessidade de muitas coisas”.Essa associação é o que denominamos hoje de Estado. Em Platão, o termo Estado equivale ao que nós podemos chamar de sociedade. Se o Estado coincide com a sociedade, essa Educação para o Estado é para a sociedade, daí a sua clara conceituação social, mas possivelmente construída em termos teóricos para uma sociedade ideal.Entretanto, nesta, PLATÃO separa as classes e posteriormente imagina uma educação ideal dos indivíduos de acordo com o fim a alcançar ou o lugar que irão ocupar numa determinada classe. Se o grande filósofo grego exalta a educação para o desenvolvimento das capacidades individuais, no que concerne à finalidade, ele é excludente, porque resvala na antidemocrática divisão das classes.

ARISTÓTELES pensava de maneira semelhante a questão da Educação. É preciso que percebamos um fato de extrema importância: toda Educação grega tem um certo sentido particular,pois não entende nem concebe o desenvolvimento do homem a não ser dentro e para a comunidade.E,é por esta razão que a concepção helênica ainda é fonte de verdades,uma vez que se apóia nos valores do homem,em dois pilares ideológicos fundamentais:os de natureza humana e comunitários.O filólogo alemão Werner Jaeger ( 1888-1961), autor do monumental “PAIDEA: He ideals of Greek Culture (3 vols)” , diz com muito acerto:”A essência da Educação consiste na moldagem dos indivíduos de acordo com a forma da comunidade.Os gregos chegaram a uma fundamentação do problema da Educação mais firme e mais profunda do que a de qualquer outro povo da terra”. Portanto,é importante que entendamos que os princípios educacionais nos surgem como um fenômeno que considera o homem unicamente dentro da moldura concreta,histórica,da sociedade em que se encontra inserido. Coloca frente a frente dois sujeitos, com alto significado: o homem e a sociedade. E, quando se pensa nesse binômio : HOMEM – SOCIEDADE, é preciso que se coloque que a Educação é Direito do Cidadão, Dever do Estado e sobretudo aspiração da comunidade para o seu aperfeiçoamento moral, cultural, e sobretudo humanístico, sem esquecer que a tecnologia é ferramenta essencial para o progresso a serviço desse ser criado à imagem e semelhança de Deus.