História : Os meninos carreteiros das feiras livres do antigo Mercado Municipal

História desta edição traz uma prática comum na Pindamonhangaba do século passado envolvendo os meninos e seus carrinhos de mão

Ao longo das décadas que se completam em século, são das mais agradáveis e ternas as lembranças relacionadas ao costume de frequentar o Mercado Municipal em dia de feira. Relacionada aos costumes e às manifestações culturais que mudam com o tempo, esta nota é sobre “os meninos de antigamente” que, pra ganhar algum, ofereciam seus serviços de “carreteiros”, socorrendo as donas-de-casa na tarefa de levar para o lar os produtos adquiridos na feira. Atividade que perdurou aproximadamente até os anos 70 do século passado.

Sobre a permanência desses meninos nas feiras-livre, a edição de 16 de novembro de 1919 da Tribuna traz uma queixa. Um pedido feito ao então delegado de Polícia de Pindamonhangaba, no sentido de que se colocasse certa ordem na atividade carreteira do mercado, que, segundo o jornal, andava desorientada.

Lembrava a Tribuna, da vez que havia feito pedido semelhante ao delegado com relação aos carregadores de malas da estação Central do Brasil e “…graças às providências dadas pela polícia”, o serviço passou a ser executado “a contento do público”.

Carecia agora resolver o problema relacionado aos carreteiros-mirins. “No mercado municipal, aos domingos, estacionam vários meninos com pequenos carros e que ocupam de transportar aos domicilios dos compradores, as respectivas compras”, revelava o articulista e, algo impetuoso, reforçava a denúncia: “Esse serviço, atualmente, é feito com balbúrdia, sem ordem. Os carros não são numerados e quase sempre desaparecem dos mesmos, algumas mercadorias”.
Na conclusão do artigo é destacado o pedido de providência à autoridade policial: “..Isso posto, seria de toda justiça que a nossa polícia, a exemplo do que fez, muito acertadamente com os carregadores nas estações, tomasse as mesmas providências quanto aos carregadores que fazem ponto no mercado”.

Carrinho de mão

Esse acontecimento, certamente, na época comum nas cidades interioranas, é lembrado pelo inesquecível professor Moacyr de Almeida (1920-2006). Em seu livro de crônicas sobre a Pindamonhangaba antiga, obra denominada “Cada caso um causo” (Editora Stiliano–Lorena-SP, 1999), seu artigo “Reminiscências”, menciona o velho Mercado Municipal, não omitindo essa participação dos meninos carreteiros…

As compras que as donas-de-casa faziam eram transportadas para casa em carrinhos de madeira, com rodas de pau, que as crianças estacionavam do lado de fora do mercado e que, por um tostão ou duzentos réis, faziam a entrega. As rodinhas iam gemendo pelo caminho…”, poetiza em seu artigo o velho professor.

  • ArquivoTN Nesta foto antiga, aspecto do Mercado Municipal, já no início da segunda metade do século XX, com o movimento natural de um dia de feira livre. A presença dos meninos carreteiros pode ser detectada à esquerda, atrás do cidadão trajando calça branca
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