História : Papai Noel e o presépio na praça

Na foto, abaixo, o inesquecível Papai Noel de Pindamonhangaba, Domingos José Ramos Mello, o popular estimado ‘Gaucho’, tendo ao fundo o presépio da praça da Cascata, que este ano comemoraria 52 anos de existência, mas que por conta das ações doentias do vandalismo não foi possível sua montagem no lugar de tradição.
A página de história escolheu essa foto como uma das ilustrações dessa edição natalina porque ela é o retrato de duas tradições que remontam a antigos natais deste município: o Papai Noel ‘Gaucho’ e o presépio da cascata!

Papai Noel ‘Gaucho’
Ele foi cidadão muito estimado pela população. Fez a alegria de crianças e adultos durante os muitos anos em que pode usar a vestimenta do mais famoso velhinho presenteador e recebedor de cartinhas das crianças. Foi por um bom tempo o Papai Noel oficial de Pindamonhangaba. Devido às suas características físicas e ao seu jeito extrovertido e brincalhão de ser, Gaucho interpretava o papel de “Bom Velhinho” com perfeição e naturalidade .
Domingos José Ramos Mello, que em Pindamonhangaba foi professor de educação física, instrutor de Curso Pré-Militar, escrivão do Cartório do Registro de Imóveis e Anexos, vereador e ‘Papai Noel’, nos deixou em 11 de junho de 1998. Em 2010, seu nome passou a denominar o prédio da Fundação Dr. João Romeiro (mantenedora do jornal Tribuna do Norte), instalações inauguradas em julho daquele ano, na praça Barão do Rio Branco (Largo São José) onde atualmente se encontra.

Presépio da cascata
É uma atração natalina idealizada pelas inesquecíveis cidadãs, dona Julieta Reale Vieira e suas amigas dona Aparecida Badaró e dona Isaltina Mota, montado com as figuras produzidas pelo habilidoso artesão José Soares Ferreira, o Zé Santeiro.
O presépio na praça se tornou realidade graças à disposição das três amigas para colocar a boa ideia em prática. Mal sabiam que seria ecumênica a ação que tornaria possível materializar a ideia, alcançar o objetivo. Foram à prefeitura compartilhar a intenção com o prefeito Dr. Francisco Romano, praticante da fé católica. Aconteceu de não encontrarem o prefeito, que viajara a serviço deixando em seu lugar o vice, major Agnello Lacerda, um seguidor da doutrina espírita (Allan Kardec).
O vice acatou de imediato a ideia do presépio na praça. Para dar início ao projeto, acionou o secretário de Planejamento, Paulo de Andrade, membro da igreja evangélica. Estava dado o primeiro passo que, curiosamente, contara com uma ecumênica boa vontade, pois envolvera autoridades municipais de três religiões distintas: católica, espírita e evangélica.
A próxima etapa foi planejar a confecção das figuras representativas do presépio. Havia na cidade, talentoso artesão na arte de confeccionar imagens de santos e peças em argila, cerâmica e gesso. Chamava-se José Soares Ferreira, era mais conhecido como Zé Santeiro. Trabalhava em um bar que ficava no início da rua dos Expedicionários, o bar do Gonçalo. Local onde o prefeito Chico Romano costumava aparecer para o cafezinho e o bate-papo. Num desses bate-papos o assunto foi a montagem do presépio na praça. O Gonçalo falou logo da experiência do Zé na arte de fazer “santo”. Ali mesmo o prefeito combinou com o empregado do Gonçalo a feitura das peças: Menino Jesus, José, Maria, reis magos, etc.
Zé Santeiro colocou as mãos na massa. As figuras foram confeccionadas em gesso e depois pintadas com muito esmero. As imagens que representam a figura humana, ele as fez com altura média de 70 centímetros. Todas as peças foram confeccionadas com dimensões proporcionais no que diz respeito à perspectiva. Como se o artista modelasse as figuras sobre um plano tais como se apresentassem à sua visão. Em três meses ficaram prontas.
A inauguração ocorreu na noite de 24 de dezembro de 1964, com missa na praça. O celebrante foi o monsenhor João José de Azevedo, o padre João, auxiliado pelo sacristão Guilherme Ribeiro (que também foi funcionário da prefeitura). A partir daquele ano, Zé Santeiro, mesmo não sendo funcionário municipal, tomou para si a responsabilidade de todo mês de dezembro orientar a montagem do presépio, a disposição das peças. Além disso, fazia questão de zelar por elas de janeiro a novembro, para que não fossem danificadas.
Os natais de Pindamonhangaba não terão nunca mais o Papai Noel ‘Gaúcho’, mas esperamos que o presépio da gruta da cascata volte a encantar os visitantes da praça Monsenhor Marcondes,

Imagens: Divulgação
  • Zé Santeiro à frente da primeira montagem do presépio na gruta da cascata (figuras confeccionadas por ele) há 52 anos