Vanguarda Literária : PARTIDA…ETERNIDADE…TALITA…LUZ !

Desde Platão (427-347 A.C.),filósofo grego discípulo de Sócrates, fundador da Academia de Atenas, ao filósofo existencialista alemão Martin Heidegger( 1889-1976), o qual estudamos exaustivamente, sobretudo a sua principal obra “ Ser e Tempo” para a nossa Tese de Doutorado na U.S.P.( 1996) , a tradição filosófica é cheia de ensinamentos sobre a morte, tema instigante e até amedrontador. Schopenhauer (1788-1860) ,um dos mais ilustres pensadores alemães do século XIX, afirmou que “ A morte é a musa da Filosofia”. O mesmo pensador escreveu que “ A vida é a morte sendo evitada e adiada; ela é um sonho e a morte um despertar”. Mas, despertar para quê? Para caminhar para uma luz maior, para nós, cristãos, em direção à Divina Luz do Senhor. E, o sábio Platão não dizia que a real tragédia da vida é quando os seres têm medo da luz?
Tudo isso me vem ao pensamento quando reflito no existir e na partida de um meteoro: uma jovem e brilhante médica-TALITA- filha de um casal de médicos-LILA E THOMPSON- também brilhantes e dedicados, com muita honra, meus companheiros , colegas e amigos da inesquecível e marcante Turma de Médicos de 1974, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Maranhão.
TALITA teve uma trajetória incomum aqui no nosso planeta. Tudo nela foi rápido. Não tinha tempo a perder. Era um Ser de Luz se encaminhando para uma Luz Maior !E, fico a pensar nesse ser especial que não conheci pessoalmente aqui nesse plano terreno de efêmera passagem. Sei que era uma jovem dinâmica, estudiosa, apaixonada por exercer a Medicina, antenada com o seu tempo e o seu próximo. Ah, TALITA, dizem por aqui que os que alçam vôo para a eternidade precocemente são auroras que fugiram antes do sol nascer. Será isso verdade? Cá entre nós, nas minhas noites insones, imerso nas minhas orações, meditando sobre a minha extrema pequenez ante a grandiosidade do nosso Pai Maior, parece-me ouvir a tua voz me dizer como Santo Agostinho ( 354-430), neoplatonista cristão, o bispo de Hipona, filho de Santa Mônica: “A vida não é morte. A morte é que é vital”. Bem sei que, em seres um ser ungido pela Fé, há muito tempo já havias assinado aquela folha em branco para deixar que o Divino Pai escrevesse o que quisesse! A tua partida, por te constituires um ser de luz, como já pontuei, me trouxe a confortadora convicção de que foi um despertar para cumprires nova e alentadoras missões. TALITA, guardo comigo a mais absoluta certeza de que todos que te amaram: amigos, colegas, clientes, admiradores, e, de uma maneira especial os teus pais LILA e THOMPSON e o teu irmão sabem que vão continuar a trilhar as veredas da existência, não com a angústia de ter te perdido, mas, com a alegria indescritivel de ter um dia possuído e conduzido um anjo para a sua estrada designada pelo PAI. Estou longe, fisicamente dos seus pais.Que importa? Os franceses não dizem: “ Loin des yeux, près du coeur”( “Longe dos olhos, perto do coração”) ? Sim, guardo comigo também a certeza de que sempre tiveste contigo a noção de que a existência terreno é um ato, um corpo, e na passagem para o mundo do Senhor há um sopro abundante e renovador indicando um novo tempo. Tenha certeza, TALITA, de que, as lágrimas aqui derramadas, em nenhum momento representaram inconformação ou revolta ante a Determinação Divina, simbolizaram sobretudo a saudade e o agradecimento porque significaste a calmaria de um lugar que soprava incessantemente a brisa gratificante da Paz e do Amor.