Nossa Terra Nossa Gente : PELÉ E A LUZ DO MENINO DE TRÊS CORAÇÕES

Entre as montanhas mineiras de Três Corações, nasceu Edison Arantes do Nascimento. De família humilde, seu nascimento em 1940 coincidiu com a chegada da luz elétrica à cidade e, em homenagem ao seu criador, Thomas Edison, o menino foi chamado de Edison por seus pais, Celeste Arantes e João Ramos do Nascimento, o Dondinho, que também era jogador profissional.

Mais tarde, o garoto recebeu o apelido de Pelé pela forma equivocada que pronunciava o nome do goleiro Bilé do Vasco da Gama de São Lourenço. Um detalhe: em hebraico, PELÉ significa MILAGRE! E, como um milagre, a luz de

Pelé superou as montanhas, reluziu e tomou o mundo.
Sua história pregressa até brilhar como jogador profissional no Santos Futebol Clube (1956 – 1974) é de pobreza e superação. Assim como muitos craques do futebol, Pelé treinou em campinho de terra batida com bola de meia recheada de jornal… Entretanto, aos 15 anos, os flashes de luz do jovem atacante santista ofuscavam os jogadores dos times adversários e, graças à engenhosidade de seus pés, Pelé começou a se destacar como artilheiro dos torneios.

As atuações do ‘Camisa 10’ foram elogiadas pela imprensa, que profetizava o “nascimento do futuro craque da Seleção”. Com seus dribles e jogadas geniais, Pelé consagrou-se como artilheiro de campeonatos nacionais e, por isso, foi convocado para a Seleção Brasileira, conquistando três Copas do Mundo: 1958, 1962 e 1970!

Aos 30 anos, no auge da fama do tricampeonato, Edison Arantes do Nascimento retoma os estudos e, no Colégio La Salle, de Aparecida, encontra campo propício para driblar o ‘tempo perdido’ e obter certificação no Exame de Madureza – 2º Ciclo, a fim de, posteriormente, cursar Educação Física.

Contou-me o amigo Gentil Vian, diretor do La Salle à época, que à chegada do Pelé, os fãs aglomeraram-se em frente ao colégio, almejando avistar o craque, pedir-lhe autógrafos e fotos. Para despistá-los, Gentil chegou a transportar Pelé escondido no assoalho do carro…

Dessa convivência amistosa entre Pelé e Gentil Vian, restaram outras histórias de uma amizade sincera que perdurou no tempo, apesar da distância que separaria o Reido amigo diretor e do povo brasileiro. Pouco tempo depois, Pelé deixa o Brasil para jogar no time estadunidense New York Cosmos (1975–1977).

O inigualável jogador brasileiro, assim como Thomas Edison, tornou-se uma referência mundial. Eleito o “Atleta do Século XX” pelo Comitê Olímpico Internacional, Pelé transformou-se, por meio do esporte, num soldado da paz. Visitou 72 países, e, em cada um deles, sua mensagem pacifista transcendia as raias do futebol.

Em 1977, quando o mundo testemunhava os horrores da Guerra do Vietnã, em seu discurso de despedida do futebol num estádio lotado em New Jersey, Pelé clamou aos fãs: “LOVE, LOVE, LOVE”.

O atacante que entrou para o Guinness Book pelos 1283 gols em 1383 jogos, no discurso de seu milésimo gol, rogou um apelo aos fãs: “Nesse momento de viva emoção para mim, afirmo que devo tudo o que sou ao povo brasileiro. E faço um apelo para que nunca se esqueçam das crianças pobres, dos necessitados e das casas de caridade”.
Com tamanha consciência humanitária,durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Eco 92, Pelé foi convidado para ser Embaixador da Boa Vontade. Outras condecorações evidenciaram o seu legado para o Esporte: “Jogador do Século” (Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol) e “Melhor Jogador do Século” (FIFA).

Mesmo comtantas honrarias, aquele menino humilde viveucom simplicidadeuma dinastia ímpar: a de Rei do Futebol. Aos 82 anos, infelizmente, a luz do menino de Três Corações apagou-se. E, como um milagre, a luz de Pelé brilhará para sempre!

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