Vanguarda Literária : REFLEXÕES SOBRE O BUDISMO

Há vinte e cinco séculos, um homem, com observações intuitivas, prática e equilibradas, que aprendeu a ver as coisas de maneira clara e direta na natureza da experiência, passou por um fenômeno denominado libertação. Ele despertou e alcançou a grande liberdade da mente. Passou a ensinar como conquistá-la. Viveu na Índia (numa região ao Norte desse país, onde hoje se localiza o Nepal), filho único de um rei, e chamava-se GAUTAMA, conhecido entre nós como BUDA. Interessante é notar que ele jamais atribuiu a si a condição de um ser sobrenatural, milagreiro, nem status de um deus especial, mas simplesmente dizia: “Estou desperto”.

BUDA passou a ensinar aos homens como conseguir liberdade de mente , estabelecendo uma doutrina que não é um sistema de crenças, de princípios. É uma doutrina de libertação do sofrimento humano, sofrimento esse que é universal (todos sofremos indistintamente). Daí nasceu o BUDISMO que encoraja os seres a tomar consciência, não consciência de alguma coisa em particular, mas, consciência em si, estar alerta com o que acontece. E, assim, compreendemos que o BUDISMO diz respeito a ver, examinar claramente o mundo, conhecer, ao invés de acreditar,querer ou esperar. Ter coragem de examinar os fatos e as coisas, sobretudo as nossas atividades. O sábio BUDA conclama as pessoas a saber por si mesmas que existem coisas prejudicias e erradas (e, o importante é abandoná-las) e coisas saudáveis e verdadeiras, construtivas que devem ser cultivadas e propaladas. O importante é que nós, pela nossa própria experiência, passemos a ver por nós mesmo, o que é verdadeiro, deixando de lado o reducionismo do julgamento e da crítica. Estarmos dispostos a ver as coisas como ela são e não como esperamos como elas sejam. O BUDISMO é um processo, uma consciência, não é um sistema de crenças, é, como pontuei, a doutrina dos despertos. Ensina-nos que os escritos budistas podem nos ajudar, mas, a Verdade, a nossa Verdade que devemos buscar, não reside nas palavras de BUDA (nem de qualquer profeta), mas o encontro com ela devemos fazer por nós mesmos, vendo por nós mesmos (parece ser esse um ponto central do BUDISMO), assim como ele, o BUDA encontrou a iluminação quando estava meditando embaixo de uma árvore.

O BUDA-DHARMA (doutrina dos despertos) nos conduz a refletir sobre a condição humana, que a primeira grande verdade da nossa existência é esse descontentamento, essa insatisfação (“dharma”) profunda, e que o sofrimento que causamos em nós mesmos e nos outros (ódio, humilhação, inveja, conflitos, etc) tem origem na nossa mente e no nosso coração.

Portanto, ao admitirmos que a nossa insatisfação ( sofrimento, digamos assim) tem origem em nós, na nossa cegueira, no nosso orgulho, podemos compreendê-la ( se quisermos!!!!) ao empreender uma viagem ao nosso interior,despertando para o aqui e agora.Ao procurar enxergar e encarar a Realidade,com seriedade, ao invés de camuflá-la,seja nos bloqueando , seja buscando refúgio ou culpa no outro,talvez vivamos um pouco melhor.Nós somos a nossa autoridade( não podemos passá-la para ninguém, seja pai, mãe, filósofo, padre ou guru), os responsáveis diretos por nossas palavras a atos.

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