Proseando : Será que dói?

Danilo César Antonio Santos ganhou o livro surpresa. Parabéns, Danilo por acertar o nome da cachorra: Magrela. E você, também quer ganhar um prêmio surpresa? Então, seja a primeira pessoa a me enviar o nome da moça de olhos cor de mel. Dica: três juntinhas, pule uma, duas irmãs, pule três e inclua a última também. O nome está na máscara da moça.
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A fila serpenteava quarteirões e atravancava o trânsito.
A mulher com máscara de oncinha, nitidamente nervosa, lambuzou as mãos com álcool em gel e perguntou:
— Será que dói, moço?
— A vacina?
— Não! A morte da bezerra. Claro que é a vacina! Essa é a fila da vacinação, não é? Ou estão distribuindo pirulitos?
O rapaz com máscara do Palmeiras, ironizou:
— Nossa, gente! Alguém sabe qual bicho mordeu a velhinha aqui?
— Velhinha é a sua mãe, seu malcriado!
— Malcriado, não, sua… sua…
O vespeiro foi interrompido pelo oitentão de bengala, cuja máscara,que fedia naftalina, estava pendurada no queixo.
— Rapaz, seus pais não ensinaram você a respeitar pessoas idosas?
A mulher não gostou do que ouviu. Como podiam chamar de idosa uma loira siliconada, “botoxizada”, plastificada? Plastificada, não, com meia dúzia de cirurgias plásticas.
— Quem o senhor pensa que é para se referir a mim dessa maneira? Idoso é o senhor que está capenga, caindo aos pedaços. Olhe bem pra mim. Eu faço academia, meu bem. Estou inteiraça! E trate de tapar o narigão e a bocarra com essa máscara encardida.
O velhinho enfiou o rabo entre as pernas e ficou resmunando em pensamento. Quanto ao rapaz, foi amansado pelos olhos cor de mel e pela doçura da voz da moça que estava a sua frente, trajando máscara de estrelinhas.
Minutos depois, a senhora insistiu:
— Será que dói?
O rapaz a olhou com descaso. Ela percebeu.
— Me desculpa. Estou muito nervosa. Tenho pavor de agulha.
A moça trocou de lugar com o rapaz.
— É uma picadinha de nada. Nem dá pra sentir.
— No bumbum?
— Não, no braço.
— Ai, meu Deus. No braço dói. Queria que fosse no bumbum.
A moça se desdobrou para tranquilizar a senhora, que só se acalmou quando foi chamada para a agulhada.
— Menina, olha que anjo! Que homem lindo! Acho que estou no céu. Agora, pode deixar que irei sozinha.
O homem, o enfermeiro responsável pelas aplicações, a recebeu com um sorriso e disse:
— Bom dia. Prometo que não vai doer nada.
Ela ficou de costas e começou a levantar a saia.Em tempo, o enfermeiro a deteve, apontando para o braço.
— Não é no bumbum, anjo?
— Não, não. É no braço.
A vacina foi aplicada e a senhora ficou paralisada, fascinada, mergulhada nos olhos do enfermeiro.
— Dona. Tá tudo bem com você? Tá se sentindo bem?
—Sim, muito bem, meu lindo. Posso fazer um pedido?
— Se estiver ao meu alcance. O que quer?
— Quero que você me covid pra jantar.