Editorial : Tem que ser o tempo todo

As Olimpíadas de 1972, em Munique, na Alemanha, registraram o atentado terrorista mais famoso já realizado durante os Jogos Olímpicos. Na ocasião, um grupo suspeito de ser ligado à Organização para Libertação Palestina foi responsável por fazer 11 israelenses reféns e depois matá-los na Vila Olímpica.
Na época, o ato chocou o mundo. Hoje, infelizmente, os ataques de grupos radicais têm se tornado cada vez mais frequentes. Não há como se esquecer do 11 de setembro de 2011, de Oklahoma, de Madrid, de Boston, Bali, Londres, Congo, de jornal Charlie Hebdo, em Paris, e da onda de mortes no 13 de novembro do ano passado na capital francesa… até quando???
Para evitar que tragédias como essas possam ocorrer no Brasil, durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto, o maior esquema de segurança da história do País será executado. Para garantir a integridade dos atletas, turistas e da população das cidades que vão receber as competições, Ministério da Defesa, da Justiça e a Agência Brasileira de Inteligência se articulam e vão colocar em prática a ação integrada que vai contar com 85 mil homens. Destes, 47 mil fazem parte do aparato segurança pública, defesa civil e ordenamento urbano e 38 mil das Forças Armadas.
Com um investimento de R$ 350 milhões do Governo Federal, os três eixos (segurança pública, defesa e inteligência) da ação integrada começaram a se organizar ainda em 2007, quando o Brasil recebeu os Jogos Pan Americanos. Desde então, o Brasil vem adquirindo expertise na segurança para grandes eventos.
A experiência com a Copa das Confederações, a Jornada Mundial da Juventude, a visita do Papa Francisco ao Rio de Janeiro (2013) e a Copa do Mundo de 2014 faz as autoridades acreditarem que o esquema preparado para os Jogos dará certo.
O suporte às ações de segurança pública nacional e regional será feito pelos Centros Integrados de Comando e Controle. Haverá um nacional, em Brasília, e um em cada uma das quatro regiões de competição no Rio de Janeiro e ainda centros menores em cada instalação esportiva e de grande porte.
Além desses, também haverá unidades para questões específicas, como o centro de inteligência para serviços estrangeiros e o centro de inteligência de combate ao terrorismo.
A atitude do Governo Federal é louvável. Estão corretíssimos em proteger o país contra ataques terroristas durante as Olimpíadas, mas e depois dos jogos, o que vão fazer para impedir terroristas? Mais ainda, e para a segurança da população geral do país, antes, durante e depois dos jogos, o que está sendo feito para impedir assaltos, roubos, estupros, sequestros, furtos, latrocínios etc?
Temos muito a refletir.