Editorial : Tratar de pessoas é diferente de lidar com números. Desempregados somam 12,022 milhões de pessoas; melhoria está longe

Infelizmente o Brasil se enterrou numa tremenda crise econômica, motivada por diversos fatores, mas que tem como responsável, sobretudo, o governo federal.
Embora tenha havido empenho, e ainda há, aliás, para retirar o país do fundo do povo, o resultado das ações é bastante lento.
Enquanto isso, a população amarga uma série de dificuldades. Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil contabilizou 12,022 milhões de desempregados no terceiro trimestre. O resultado representa um aumento de 33,9% em relação ao mesmo período de 2015, o equivalente a 3,043 milhões de pessoas a mais em busca de uma vaga.
A população ocupada encolheu 2,4% no terceiro trimestre, como consequência do fechamento de 2,255 milhões de postos de trabalho. “A redução na população ocupada é recorde, foi a maior queda na série”, afirmou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
A taxa de desemprego só não aumentou mais porque a população inativa cresceu 1,9%, o que significa que 1,205 milhão de pessoas optaram por deixar a força de trabalho em vez de procurar emprego.
O índice é alarmante ao país, porém não podemos pensar apenas em números enquanto assistimos a esta situação. Mais que números estatísticos, tratam-se de pessoas. De pais, mães, filhos… pessoas que têm contas para pagar, que interrompem os sonhos e, muitas vezes, mais que isso, não tem condições de viver. É isso que temos que pensar sobre o país.
Conforme divulgação realizada na quinta-feira (27), pelo IBGE, a taxa de desocupação no Brasil ficou em 11,8% no terceiro trimestre de 2016, mantendo-se no maior patamar já registrado pela série histórica da Pnad Contínua. Este resultado ficou dentro das expectativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que estimavam uma taxa de desemprego entre 11,70% e 12,00%, com mediana de 11,90%.
Em igual período do ano passado, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 8,9%. No trimestre encerrado em agosto deste ano, o resultado também ficou em 11,8%.
A renda média real do trabalhador foi de R$ 2.015,00 no terceiro trimestre. O resultado representa queda de 2,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A massa de renda real habitual paga aos ocupados somou R$ 176,8 bilhões no terceiro trimestre, queda de 3,8% ante igual período do ano anterior.
O pior é que, por mais que tenhamos que ser otimistas, é muito cedo para enxergarmos melhorias reais.
A crise afeta todos os setores. A indústria fechou 1,301 milhão de postos de trabalho no período de um ano; o setor de Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas – que guarda relação direta com prestação de serviços para o setor industrial – demitiu outras 977 mil pessoas no período de um ano; a construção dispensou 171 mil trabalhadores; enquanto o Comércio, Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas eliminou 501 mil postos de trabalho.
E não é só isso, o segmento de Agricultura, Pecuária, Produção Florestal, Pesca e Aquicultura demitiu 442 mil pessoas.
Por outro lado, na direção oposta, houve aumento no número de empregados nos setores de Transporte, Armazenagem e Correio (220 mil vagas); Alojamento e Alimentação (345 mil a mais); Administração Pública, Defesa, Seguridade Social, Educação, Saúde Humana e Serviços Sociais (306 mil); outros serviços (97 mil); e Serviços Domésticos (168 mil). Mas esses dados positivos deveriam ocorrer em todos os setores.
A nós, cabe, cada um dentro da sua crença, rezar a Deus, e fazer o possível para colaborar com o país. O momento é difícil.