Nossa Terra Nossa Gente : UM PASSEIO “PELAS VELHAS RUAS DE PINDAMONHANGABA”

Há muita história a ser contada do lado de dentro e do lado de fora das janelas dos antigos casarões da Princesa do Norte. Há muita história a ser contada em cada desenho a bico de pena do livro-arte “Pelas Velhas Ruas de Pindamonhangaba” (1995), de autoria do engenheiro civil, professor e artista José Renato Guaycuru San-Martin (1929 – 2005).

Publicado em maio de 1995, com o aporte financeiro do Departamento de Educação e Cultura e o apoio do Prefeito Francisco de Assis Vieira Filho, que, em sua gestão, priorizou a preservação da memória da Princesa do Norte e, consequentemente, trouxe à luz o valoroso trabalho artístico do professor Renato San-Martin sobre Pindamonhangaba.

O próprio autor, no prefácio, relata o modo singular como confeccionou a obra: “Organizei os desenhos, seguindo um roteiro geográfico, como se fossem vistas obtidas durante um passeio pela cidade, deixando o tempo fluir nos dois sentidos: indo e vindo dentro do passado. Assim, o leitor encontrará desenhos mostrando ruas de 1910, seguidos de outros de 1945, depois outro de 1920”.

Para os 47 desenhos, o artista inseriu pequenos textos explicativos que atravessam o livro do princípio ao fim, na intenção de que, “no futuro, não se percam essas referências”. Ao compor esses apontamentos, Renato pautou-se em duas obras clássicas da história de nossa terra e de nossa gente: “Pindamonhangaba através de dois e meio séculos”, de Athayde Marcondes, e “Pindamonhangaba Cidade Imperial”, de César Salgado. O autor também contou com as “precisas lembranças” de Edméa Godoy César, Eduardo Guaycuru San-Martin, João Laerte Salles e Wilson Valentini – os quais, “com extrema gentileza e muita saudade, contaram fatos que, reunidos, dariam para escrever um livro de pequenas histórias, retratando a vida na Pindamonhangaba do passado”.

No afã de não permitir que essas lembranças e esses personagens desapareçam no torvelinho do tempo, hoje busco suas histórias como um arqueólogo se debruça sobre um sítio de incalculável valor… Como arqueóloga, passeio “Pelas Velhas Ruas de Pindamonhangaba”, fascinada com a arte do inesquecível José Renato Guaycuru San-Martin… O que lá encontro?

As igrejas da Matriz e do Rosário, as de Santa Rita do Maçaim e de São Benedito, as de São José e de Sant’Ana e, também, a Capela da Vila São Benedito.

Antigos casarões, fazendas e construções históricas: a sede da Fazenda Amarela, o Palacete 10 de Julho e o do Visconde da Palmeira, o Chalé e o antigo sobrado da praça Monsenhor Marcondes, a Santa Casa de Misericórdia e a Estação Ferroviária, o Chafariz da Galega e do Padre Tobias, o Largo de São José, o Coreto e o Portão do Bosque.

Também estão retratadas ruas, ladeiras, avenidas e casas de comércio: a esquina e a travessa da Matriz; a Ladeira Barão de Pindamonhangaba e a Lateral do Bosque; as ruas Bicudo Leme, Deputado Claro César, Senador Feijó, Prudente de Morais e dos Andradas; as avenidas Dr. Jorge Tibiriçá e a Coronel Fernando Prestes; e, por fim, a Padaria e a Confeitaria Central, o Largo do Cruzeiro e o Posto Texaco.

Na última página do livro – que pena! -, o Portal da Igreja Matriz, retratado pelas mãos habilidosas de José Renato Guaycuru San-Martin, artista pindamonhangabense que compôs esse acervo durante 15 anos (1976 – 1991) e que, graças à sua arte e à sua pesquisa, abriu um portal histórico na Princesa do Norte. Quem desejar adentrá-lo, que passeie pelas “Velhas Ruas de Pindamonhangaba”, esse livro-arte que é a expressão maior do amor do célebre artista àsua terra natal, eternizado pelo seu bico de pena e pelas reminiscências de suas obras.

P.S. A obra está disponível nas Bibliotecas Municipais de Pindamonhangaba.

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